O terceiro dia da Casa de Criadores, semana de moda que vai até a sexta-feira, 27 de julho em São Paulo, trouxe temas polêmicos às passarelas. Além da celebração à diversidade presente nos desfiles desde o primeiro dia de evento, assuntos mais espinhosos, ainda foram propostos nas apresentações. Com um desfile todo em bege, o estilista Fernando Cozendey trouxe à tona um caso pessoal de abuso infantil. O show é a segunda parte de uma trilogia que trata do corpo como ser político. Na passarela, looks em tule bege transparente com acabamentos volumosos nas extremidades. Uma make com batom borrado ajudou a dar o tom de desconforto proposto pelo designer. Já a Ken-Gá Bitchwear, marca que propõe "roupas para lacrar e acessórios para tombar", trouxe para a passarela um desfile em exaltação ao feminino. A liberdade da mulher foi evocada em looks que valorizam o corpo da mulher e ressaltam seu poder.
O designer Rafael Caetano se inspirou Chueca, bairro gay de Madri, e em outras regiões com a mesma pegada para homenagear a cultura LGBTQ+ em um desfile colorido, brilhante, cheio de looks com pegada esportiva e usáveis no dia a dia. Com uma aposta na pegada street wear, tão em alta nas últimas temporadas, Diego Fávaro levou uma onda "Off-White" para a passarela, com peças com visual bem utilitário, muito nylon, lycra e tons vibrantes. Em um estilo oposto – totalmente minimalista – Alex Kazuo levou referências japonistas para seu desfile. Tecidos nobres, cortes impecáveis e looks confortáveis guiaram o desfile todo feito em tons neutros.
Focado em lançar novos talentos da moda nacional, o evento Casa de Criadores, que tem sua 43ª edição acontecendo entre os dias 23 e 27 de julho de 2018, no MAC (Museu de Arte Contemporânea) da USP, em São Paulo. A Casa de Criadores, que já teve Galisteu e Ticiane Pinheiro em sua passarela, surgiu em maio de 1997, quando um grupo de jovens estilistas decidiu, em parceria com o jornalista André Hidalgo, promover um evento para lançar suas novas coleções.
(por Deborah Couto)