Em 1994, quando o personagem Dedé entrava em cena na novela "A Viagem " era certeza de que aconteceria alguma confusão e, certamente, arrancaria muitos suspiros das telespectadoras. Na época em viveu o roqueiro bad boy, o ator Eduardo Filipe era considerado uma promessa de galã.
Aos 42 anos, hoje ele mora no Porto, em Portugal, e sequer sabia que a novela estava sendo reprisada pelo canal Viva. Ele adotou o codinome Sama, trabalha como artista audiovisual e se prepara para lançar na França um história em quadrinhos autobiográfica chamada "Mondo Sama".
"O nome Sama foi um apelido da minha época em publicidade. Sempre gostei de histórias em quadrinhos e vivia com alguns exemplares do 'Lobo Solitário', que é um mangá de samurai, debaixo do braço. Daí a galera começou a me chamar de Samura, Samú até chegar em Sama", explica ao Purepeople Eduardo, confessando que também queria dissociar a sua imagem de ator com a de autor de charges.
Longe das novelas desde 1995, quando fez o papel de Giulio, filho da protagonista Maria do Carmo (Susana Vieira) em "A Próxima Vítima", Eduardo atualmente dirige e co-assina com a mulher, Luísa Sequeira, o programa "Motel Sama", exibido pelo Canal Brasil. Ele não descarta a possibilidade de voltar a atuar na TV, mas admite que estar no ar jamais foi uma prioridade em sua carreira.
"Nunca fui tão louco por isso! Nós sabemos que tem gente que se mata e faz qualquer coisa para entrar na TV, cinema... Mas não foi o meu caso! A maior parte da minha energia criativa eu canalizo para os meus próprios projetos, filmes, livros, HQs... Não que eu tenha desistido, mas estabeleci prioridades", afirma o ator.
Galã adolescente
O carioca chamou a atenção logo no primeiro papel, quando interpretou Gaspar na primeira fase da novela "Top Model". "Eu fazia o flashback do Nuno Leal Maia. Consegui o personagem porque era surfista", relembra.
Em 1990, ele foi convidado por Luís Fernando de Carvalho para fazer a minissérie "Riacho Doce" e despontou para o sucesso como personagem Chico da Joaninha. "As meninas sempre me tiveram em grande estima. De vez em quando, eu tinha que correr de um grupo mais animado se não quisesse ter as roupas rasgadas", diverte-se Eduardo, que passou uma temporada gravando com Vera Fischer, Fernanda Montenegro, Carlos Alberto Richelli, Osmar Prado, entre outros, na ilha de Fernando de Noronha. "Aquela ilha era maravilhosa. Trago comigo ótimas histórias daquele momento.Um dia ainda escrevo sobre minhas aventuras como ator."
Com a fama de galã adolescente, ele protagonizou o longa-metragem "Era uma vez", do argentino Arturo Uranga. A experiência, então, fez com que se apaixonasse ainda pelo 'por trás das câmeras'. Ele chegou a fazer assistência de direção para novela "Por Amor", estudou jornalismo, teatro, mas acabou enveredando mesmo para as artes plásticas.
"Ainda sou galã! Risos. Mas fui migrando de área suavemente, passei a ser mais de direção, desenho, roteiro... Antes de eu vir para a Europa, eu já estava pagando minhas contas como artista visual. Mas ainda atuo e gosto, mas só em projetos especiais. Nunca me senti muito bem fazendo parte desse 'circuito comercial'", analisa.
Eduardo vem esporadicamente ao Brasil para realizar projetos e visitar os dois filhos brasileiros - de quem prefere manter os respectivos nomes em sigilo -, mas pretende mesmo é ganhar mundo. Com a atual mulher, ele tem mais um filho (de quem também não revela a identidade). "Sou bem reservado nestes aspectos, mas posso te dizer que a minha família são as crianças e suas respectivas mães. Nos damos todos muito bem e até passamos férias juntos", limita-se dizer.
Em 2010, Eduardo chegou participar como ator do seriado "Nazi Hunters - Caçadores de Nazistas na América Latina", produzido pela BBC Inglesa/Canadense e Terra Vermelha com direção do canadense Tim Wolochatiuk. Mas tem se dedicado mesmo às ilustrações fazendo charges e histórias em quadrinhos. Ele, inclusive, escreveu dois livros ("A balada de Johnny Furacão" e "Cadernos do Sama") e foi coautor do documentário "Mondo Sama".
"Acho que cada vez mais menos importa onde se mora. A internet mudou muitas coisas, principalmente as relações de trabalho. Se alguém pintar com uma proposta interessante posso pensar no caso, apesar de andar deveras enrolado e comprometido com meus próprios projetos. Além da minha esposa ser portuguesa, o Brasil cansa um bocado, não acha?", acredita o ator.
(Por Renata Mendonça)