O mundo reagiu atônito à notícia de que Mariah Carey perdeu a mãe, Patricia, e a irmã, Alison, no mesmo dia. Ambas morreram no último sábado (24). A cantora se mostrou consternada com as perdas, mas nem sempre a relação com a genitora foi das melhores.
Em sua autobiografia "The Meaning of Mariah Carey", lançada em 2020, a popstar, com shows confirmados no Brasil para setembro, revelou uma série de situações traumáticas causadas pela mãe - a mais marcante aconteceu em 2001.
Naquele período, Mariah vivia um momento delicado na carreira e na vida pessoal. Ela havia mudado de gravadora e lançado "Loverboy", primeiro single do álbum e do filme "Glitter", considerado um dos maiores fracassos da música pop recente. Para salvar o trabalho do fiasco, ela foi submetida a uma rotina exaustiva de trabalho e passou dias sem dormir de forma apropriada.
Esgotada, a popstar desapareceu dos holofotes, fugiu dos executivos da gravadora e foi até à casa da mãe em busca de um refúgio. No entanto, paz foi a última coisa que ela encontrou naquele recinto. A cantora estava há mais de seis dias sem dormir por mais de duas horas e, quando finalmente, conseguiu deitar, foi interrompida por Patricia.
"'Mariah! O que você está fazendo? Eles estão procurando por você!'. Uma voz potente dramática me puxou violentamente para fora da piscina de silêncio em que eu estava flutuando. Perdida e cuspindo, fui levada à consciência para encontrar minha mãe pairando sobre mim. Minha própria mãe me acordou do primeiro sono que tive em quase uma semana! Para piorar as coisas, ela estava me acordando para me dizer que a gravadora estava procurando por mim para me fazer voltar ao trabalho - como se, em vez de ser minha mãe e zeladora, ela fosse algum tipo de agente da máquina que repetidamente colocava meu potencial de ganho acima do meu bem-estar", desabafou Mariah.
Depois de ser acordada pela mãe, Mariah teve uma crise de raiva e começou a discutir com Patricia. "Ninguém, especialmente minha mãe, jamais me viu com tanta raiva. Ao longo da minha infância, sempre foram Morgan [irmão] e Alison que tiveram acessos histéricos", relembra a cantora.
Diante do confronto, Patricia decidiu chamar a Polícia para conter Mariah. Dois agentes chegaram à casa da matriarca após o chamado.
"Quando minha mãe fica com medo, sua segurança completa na evidência histórica de que a branquitude sempre será protegida se ativa - e ela freqüentemente chama a Polícia. Em várias ocasiões, ela chamou a Polícia para meu irmão, minha irmã e até mesmo os filhos de minha irmã. Minha mãe chamou a Polícia mesmo quando ela não necessariamente se sentiu ameaçada", relata.
Vale destacar que, nos Estados Unidos, Mariah não é lida como uma mulher branca por ser filha de um pai afro-americano com descendência venezuelana. A cantora relata ter vivido diversas situações racistas ao longo da vida, inclusive, injúrias raciais.
"O código estava em sua cultura. Este era seu mundo, seu povo e sua linguagem. Ela tinha controle. Mesmo Mariah Carey não poderia competir com uma mulher branca sem nome em perigo. Se eu tivesse tido apenas um ou dois dias para descansar, teria acordado e estaria pronto para fazer um videoclipe. Mas, em vez disso, aqui estava eu, na casa da minha mãe (na verdade, minha) com os policiais", escreveu a cantora.
Mariah se rendeu e aceitou sair da casa acompanhada dos policiais. "Ironicamente, fiquei aliviada que a Polícia pudesse me tirar desta casa de trauma e traição", relatou. Após esse episódio, a cantora foi internada duas vezes em clínicas de reabilitação - algo que foi arbitrário, segundo sua biografia. Na época, a imprensa internacional tratou o caso como um "colapso nervoso". "Eu não 'tive um colapso nervoso'. Eu fui destruída - pelas mesmas pessoas que deveriam me manter inteira", ela pontua.