Esqueça a doce Maria, de "Chiquititas" (1997); a espevitada Khadija, de "O Clone" (2001); e a tímida Márcia, de "Rebelde" (2011). Na série política "Plano Alto", com previsão de estreia para agosto na Record, Carla Diaz aparecerá num papel bem diferente do que o público está acostumado a vê-la na TV.
Aos 23 anos, a atriz vai interpretar Lucrécia, uma jornalista engajada com as causas políticas que também atua como uma das principais integrantes do grupo ativista conhecido como "Black Bloc". "É um tema atual e a minissérie vem num momento muito certo, já que estamos em ano eleitoral", ressalta Carla.
A temática, claro, promete causar polêmica. O autor Marcílio Moraes ("Vidas Opostas") pretende mostrar todos os lados dos protestos, inclusive os atos de vandalismo. Em uma das cenas, inclusive, Lucrécia será agredida por um policial sem ter feito nada. As cenas prometem ser bem reais e Carla já tem intensificado a preparação física para as gravações.
"Sabemos que manifestação sem violência é praticamente inexistente. Mas, quando o quebra-quebra é proposital para gerar violência, eu não concordo", opina ela, que participou dos protestos ocorridos pelo Brasil no ano passado. "Não adianta só reclamar e ficar em casa".
As recentes vaias recebidas pela presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo, no entanto, não contam com o apoio de Carla. "Aparentou ser uma atitude forte, mas agressiva e desrespeitosa. Entendo que as pessoas estão insatisfeitas, mas não é assim que vamos mudar alguma coisa", pontua a atriz, que ainda não escolheu em quem irá votar para presidente nas eleições.
Cabelos pretos e sensualidade
Para "Plano Alto", Carla Diaz manteve os cabelos pretos já usados na série "Os Milagres de Jesus". "Adorei ficar morena, mas, no início, alguns amigos demoravam um pouco para me reconhecer. Falaram que fiquei com cara de séria", relembra a atriz, que também perdeu um pouco seu ar de menina tão característico. "Estou amadurecendo normalmente e as pessoas estão vendo isso", completa ela.
Só que, não raro, o público ainda para a atriz nas ruas com o bordão "Inshalá, muito ouro". "Não me incomodo em ser relembrada como Khadija, mesmo depois de tanto tempo. É sinal de que fiz um bom trabalho, marcou a vida das pessoas. Mas, às vezes, as pessoas ficam surpresas ao me verem. Não notam que o tempo passa para todo mundo", brinca.
Uma prova disso foi dada há três anos, quando Carla estampou um ensaio sensual na revista "VIP". Na época, as fotos fizeram tanto sucesso que a atriz recebeu um convite para posar nua, mas recusou.
"Estava fazendo uma novela infanto-juvenil ('Rebelde') e esse tipo de trabalho nunca foi um desejo. Mas não posso dizer que nunca vou fazer. A forma de pensar às vezes muda, a situação financeira também. Isso pode influenciar numa decisão como essa", pontua ela.
Atualmente solteira, a atriz diz lidar bem no dia a dia com sua sensualidade na medida. "Às vezes, me acho linda. Em outras, um monstro. Depende do humor. Mas é natural que, em alguma momento, me sinta sensual. Se eu não me achar, que vai, né?", encerra, rindo.
(Por Anderson Dezan)