Depois de tornar pública sua demissão da TV Brasil, que classificou como "falta de caráter", Leda Nagle foi contestada pelo presidente da EBC, empresa responsável pela emissora. Laerte Rimoli usou o Facebook para rebater as declarações da jornalista. Segundo ele, Leda teve uma reação explosiva ao ouvir propostas de mudanças em seu contrato e no formato de seu programa, "Sem Censura", que apresenta há 20 anos. Além de gritar e abandonar a reunião, Leda teria dito que "os concursados da EBC são incompetentes, desinformados, não gostam de trabalhar", segundo relato de Rimoli, que também informou que a atração custa R$ 1,3 milhão por ano à estatal. Na manhã desta terça-feira (13), a jornalista rebateu as acusações em sua rede social.
Leda explicou que em 7 de dezembro, um novo contrato, de dois meses (entre 5 de novembro e 5 de janeiro), foi apresentado a ela, em reunião com Rimoli, assessores e advogados. "Vieram outros com a tentativa de me desqualificar, pessoal e profissionalmente, aumentando valores do meu contrato, para dar a impressão de que estava lesando a TV ou o país", desabafou. A apresentadora afirmou que, ao contrário do que foi divulgado, não recebia R$ 103 mil mensais, mas cerca de R$ 85 mil, que usava para contratar quatro funcionários.
Ela também garante que não recebeu propostas para mudanças no contrato. "Em nenhum momento Laerte Rimoli ou seus assessores me propuseram redução de valor do contrato ou qualquer tipo de negociação. Apenas me apresentaram um contrato de dois meses, sob a alegação de que 'em março nós poderíamos até conversar' ou que eu poderia fazer um talk show... E o que é o 'Sem Censura' se não um talk show?", questionou Leda.
Com o título "O show da Leda Nagle", Rimoli alfinetou a exposição da apresentadora na mídia na última semana, quando ganhou apoio de famosos como Sabrina Sato, namorada de seu filho, Duda Nagle, e a quem já encheu de elogios. Ele contou ainda que Leda desfrutava de 60 dias de folga, previstos em contrato, nos meses de janeiro e fevereiro, quando os programas eram gravados. Em 2017, ela ainda ficaria mais duas semanas fora, já que recebeu o convite de um amigo para conhecer Dubai em março. Em outro trecho, Rimoli disparou: "O título 'Sem Censura' não pertence a Leda. Há 21 anos, a entrada dela na bancada, em substituição à jornalista Lúcia Leme, foi tempestuosa. Assim são as relações com Leda".
Rimoli afirmou que todos os contratos da EBC estão sendo revistos, já que havia uma previsão de R$ 94 milhões de rombo. "De minha parte, tenho a obrigação de mudar a lógica perversa de que o dinheiro público existe para ajudar amigos e apaniguados. Respeito orçamento e acato os alertas que as áreas técnicas fazem sobre o futuro da empresa. Preocupante, como preocupantes estão as contas do país". Em resposta, Leda escreveu: "Ao longo destes 20 anos, em nenhum momento, nunca, recebi nenhum dinheiro da TV sem trabalhar. Sou à prova de Lava Jato". Este ano, Rimoli passou meses afastado do cargo por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou irregular a indicação feita pelo presidente Michel Temer. Mesmo sem exercer a função de presidente da EBC, ele continuou recebendo salário.
(Por Caroline Moliari)