Após ser acusado de racismo por interpretar a personagem Ivonete, um mulher negra e caricaca, e de praticar blackface, - uma prática do teatro americano, no século 19, que satirizava e ridicularizava de modo extravagante os negros - Paulo Gustavo usou as redes sociais para se desculpar com seus fãs e anunciou mudanças no papel. No ano passado, o artista foi acusado de maus-tratos a sua equipe na TV.
"Nesses últimos dias li, ouvi, pensei e entendi que há uma longa discussão sobre o uso de 'blackface' muito anterior e muito maior do que eu, minha carreira, minha personagem e o 220 volts, por isso decidi refazer a Ivonete sem que ela pareça uma caricatura risível da mulher negra", falou o humorista, que pretende aumentar a família ao lado do marido.
Mesmo se desculpando, Paulo não deixou de defender sua personagem e ressaltar as suas qualidades. "Ivonete é esperta, crítica, consciente e questionadora. É uma brasileira que passa por todas as dificuldades absurdas que todos passamos como a falta transporte eficiente, sistema de saúde precário e violência. Ela se revolta, reclama, exige, sofre, mas não perde o rebolado, mantém-se de cabeça erguida, forte, guerreira e sobretudo alegre", acrescentou o fã de Chico Buarque .
Sobre a pratica do blackface, o artista assume que historicamente remete a experiências que são dolorosas para muitas pessoas e, por isso, pede desculpas publicamente. "Peço desculpas se ofendi ou magoei alguém. Eu posso pintar minha pele, posso fingir, representar, tentar dar voz a essa mulher, mas eu nunca saberei de verdade como é ser uma mulher negra. Nos textos, a alegria da personagem não fazia dela uma alienada, mesmo assim eu compreendi que a negra animada é um estereótipo que os movimentos negros combatem com razão pois na vida real, muitas vezes, não é nada engraçado. Apesar de conhecer e adorar muitas Ivonetes, ser negro no Brasil é difícil sim. Como ser mulher também é difícil; como ser gay também é difícil", lamentou.
(Por Rahabe Barros)