Oriente Médio e Brasil vão ambientar a próxima novela das seis. Falta pouco para a estreia de "Órfãos da Terra", que contará a história do amor proibido dos personagens de Laila (Julia Dalavia), uma refugiada síria que veio para o Brasil na tentativa de fugir de um casamento forçado com o sheik árabe Aziz Abdallah (Herson Capri), e de Jamil (Renato Góes), o braço direito do sheik que vem para o país atrás da moça à mando do patrão. A caracterização dos personagens será vibrante e terá uma mix da cultura do Oriente com uma pegada do Ocidente. Gilvete Santos, que assina a caracterização, conta que não foi nada fácil montar o estilo. "Eu navego na internet todo dia, principalmente por conta do núcleo da Síria, que tem uma paleta de cores bem colorida e marcante, com que eu nunca tinha trabalhado. Vi que o kajal nos olhos, por exemplo, é muito usado", declarou.
O estilo do núcleo sírio-libanês contará com uma paleta de cores fortes como roxo, laranja e azul. A maquiagem também será marcante. Olhos com delineado preto, bocas com batom vermelho sangue ou até mesmo um nude para dar presença ao olhar. Para a chefe de caracterização, Gilvete, o visual mais elaborado será o da personagem Dalila (Alice Wegmann). "Dalila vem com uma pele linda, muito rímel e um traço roxo no delineador, além de muito blush em tons terrosos ou rosa, e uma boca natural". A atriz Bia Arante s fará parte do núcleo de São Paulo e interpretará Valéria. Por ser uma vilã, seu visual será mais denso e escuro. "Ela abusa de tons mais escuros. É muito descolada. Bem gótica suave. Nós combinamos bastante neste aspecto", contou ao Purepeople.
A trama não poderia deixar de fora detalhes importantes da cultura árabe. É um tecido que poder ser usado para cobrir apenas o rosto feminino, como um véu, ou como uma burca, dependendo da cultura delas. Na trama ele será encorporado ao visual das mulheres muçulmanas. "Descobrimos que o hijab pode ser fashion e assumir as formas mais variadas. Para nós, ocidentais, o elemento pode parecer incômodo, mas, para elas, é um símbolo cultural e de status", explicou a figurinista, Mariana Sued. Ela ainda acredita que a novela poderá lançar uma tendência com as peças usadas. "As batas são lindas, bordadas e com aplicações de pedras. Acho que vai virar moda."
Já a caracterização do núcleo masculino da trama foi inspirada nos jogadores de futebol árabes. "O que mais vi foi libanês com cabelo raspado na lateral, com topetão liso, com cabelo e barba desenhados, que pode ser muito grande, média ou curta", contou Gilvete. Os personagens Fauze (Kaysar Dadour) e Houssein (Bruno Cabrerizo) que são capangas do sheik, terão barbas médias e bem desenhadas com o cabelo mais baixinho. Para representar a cultura paulistana o personagem de Rodrigo Simas , Bruno, terá diversas tatuagens dedicadas à sua paixão pela profissão: "O Bruno é um fotógrafo apaixonado pela profissão. Ao pesquisar sobre as tatuagens, descobri mais de 45 tipos de desenhos que retratam na pele essa paixão."
A trama terá um núcleo sírio-libanês, um judaico, que renderá boas gargalhadas para o público, e um brasileiro. E para cada um foram contratados consultores de etnias para que não cometam gafes e nem faltem partes importantes da cultura. Os atores passaram dois meses estudando a cultura e a língua árabe e tiveram contato com refugiados que vivem no país. "Tivemos aulas de culinária, de dança, para imergirmos nesse universo que é tão diferente. A escrita é diferente, o modo de se vestir, a postura de cumprimentar, o modo de se relacionar. Me inspirei em uma refugiada árabe chamada Tülin Hashemi. Ela veio para o Brasil há três anos e é moderna, tem a cabeça muito a frente, ela questionava sobre o feminismo não ser um assunto muito tocado no país dela. A Laila vai mostrar que existem mulheres feministas e fortes no mundo árabe", conta a protagonista Julia Dalavia.
O intérprete de Jamil também destacou a importância da língua árabe para deixar a novela mais próxima da cultura. "Antes de começar a pré-produção, uns três meses antes, eu já estava estudando a cultura, a religião e a língua. Para mim o idioma foi o grande ponto de conexão. Eles têm tanto respeito com o idioma que precisava ter metade, um pouco, desse respeito e representar da melhor forma possível. Na trama falamos muitas palavras e queremos dizer essas palavras muito bem. Cada um buscou um caminho de dar uma identidade às palavras que dizem, eu uso uma boca mais fechada, com menos ar, e falando o português correto."
Um dos grandes desafios da produção de arte e de cenografia de "Órfãos da Terra" foi abordar diversas culturas e exibir quatro capitais mundiais gravando apenas no Brasil. As cenas de Damasco, Beirute, Londres e São Paulo foram realizadas dentro dos estúdios e um cidades brasileiras. Para gravar as cenas do campo de refugiados eles construíram um campo cenográfico no bairro de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, com 15 mil metros quadrados. Outro local que a equipe teve que improvisar para as cenas ficarem mais realísticas possíveis foi a casa do sheik. Aziz Abdallah mora em um grandioso palácio em Beirute e como a equipe de gravação não pôde ir até a cidade, as cenas foram gravadas no Palácio Quitandinha em Petrópolis, no estado do Rio.
(Por Pyetra Santos)