Juliana Lohmann cresceu na frente das câmeras e, atualmente, volta a viver uma garota de programa, dessa vez na novela "Amor Sem Igual". Com Cindy, a atriz comemora poder levantar não só a questão da prostituição como a da agressão contra a mulher. "A agressão do Bernardo (Heitor Martinez) vem do machismo que acredita que o mundo gira em torno das vontades masculinas. Para mim é interessante vivenciar esse tipo de situação na TV, porque abre essa reflexão, aponta para a noção de que a agressão contra a mulher, seja na circunstância que for, está completamente errada e deve ser extinta o quanto antes", afirma ao Purepeople.
"Somos um dos países com a maior taxa de feminicídio no mundo e isso precisa mudar urgentemente", completa Juliana, engajada em causas sociais. Na história, Cindy é uma das garotas do cabaré de Olympia (Françoise Forton) e assim como Sthefany Brito, intérprete da também prostituta Donatella, descarta julgar sua personagem. "O fato de uma mulher ser garota de programa não significa que o homem pode agredi-la e fazer o que bem entende. É uma profissão desvalorizada, como se fosse menos digna do que qualquer outra. Ela é dona de seu corpo e tem liberdade para fazer o que bem entender e isso precisa ser respeitado em todos os aspectos", exige.
E a atriz é enfática ao definir sua Cindy, prestes a receber convite para se envolver em um roubo. "Ela é sem dúvida bastante ambiciosa, vem de um lugar mais humilde e, apesar do esforço, parece não ter a mesma desenvoltura que as outras, muito menos o mesmo amor próprio. A Cindy é bastante bem resolvida com a profissão e não tem questões em expor isso à ninguém. Parece ser ingênua e um tanto quanto bobinha, mas, muitas águas vão rolar...", adianta. "Existe uma ingenuidade maior nela, mas, aos poucos, no decorrer da trama, outras camadas vão se revelar", conta.
Interpretando pela segunda vez uma garota de programa na TV, deu vida a uma prostituta na série "Mandrake", aos 16 anos, Juliana diz ter se inspirado na atriz e cantora Mae West. "Além de ser sexy symbol, surpreendia à todos com sua irreverência e independência, suas falas ousadas e tiradas sinceras", explica. "Além disso, assisti alguns filmes mais específicos", completa ela, que já havia feito outro papel ousado na série "As Canalhas", e precisou retomar as aulas de tecido. "A (professora) Karla Klemente, nossa coreógrafa ajudou bastante a encontrar o corpo da personagem", diz
"Amor Sem Igual" marca a volta dos papéis fixos de Juliana após quatro anos. A atriz aproveitou o período para dar outros voos, no cinema e pesquisa teatral. "Fiz oito longas-metragens e, no teatro, fiz trabalhos como atriz, produtora e assistente de direção. Voltar à TV agora, mais madura e segura da minha caminhada artística, me parece fazer parte de um fluxo natural das coisas. Me sinto aberta e mais segura da minha trajetória", festeja.
(Por Guilherme Guidorizzi)