Responsável por 20% do mercado fonográfico brasileiro, o gênero musical gospel tem mostrado uma ascensão nos últimos anos. Só durante a pandemia, o número de ouvintes do estilo musical cresceu 44%, de acordo com dados do aplicativo Spotify. Já o Deezer aponta que as playlists cristãs têm duração média de 54 minutos no Brasil, enquanto as sertanejas duram cerca 35 minutos. Os números mostram a popularidade da categoria, mas as justificativas para esse crescimento podem ser diversas.
O cantor Everton Mestre comenta que a música gospel teve muita relevância nas décadas de 1980, 1990 e nos anos 2000. Porém, quando a pandemia começou aconteceu uma guinada. Ele relaciona esse aumento no número de ouvintes ao momento delicado que todos passavam. Enquanto a Covid-19 se disseminava pelo mundo e a população se isolava, houve uma busca por algo que trouxesse conforto.
"Esse destaque aconteceu devido à fragilidade e o medo. As pessoas, de certa forma, não sabiam o que aconteceria com a humanidade; se passávamos por uma pré-extinção, ou algo que viria e logo iria embora. Assim, se apegaram muito a Deus, na busca por conforto para suas perdas emocionais e financeiras. O que mais se destacou foram as músicas de estilo pentecostal e adoração. Cada estilo musical trouxe, de certa forma, propostas diferentes mas com a mesma essência: fé e libertação do medo", comenta.
De acordo com o cantor, esse crescimento repentino não era esperado, e o mercado gospel não tinha se preparado para ele. Everton afirma ter sido algo emergencial e viral, que simplesmente aconteceu. O músico relata ainda que o resultado foi visto também dentro da igreja, pois muitas pessoas voltaram a frequentar os templos religiosos pelo impacto que as músicas causaram. Esse, inclusive, é um dos propósitos do gospel, segundo Everton.
"O principal papel do gospel é a evangelização. Por isso, digo que as canções devem ter embasamento bíblico; são ensinamentos de forma cantada. Lancei uma música em 2021, chamada 'Foi Por Você', com esse compromisso: trazer este compromisso de mostrar para as pessoas que Jesus é o centro de tudo. Assim, conseguiremos levar a evangelização com mais eficiência. Essa deve ser a principal preocupação de um cantor e compositor quando escreve e canta suas canções", pontua.
Alguns grandes nomes da música gospel, como Fernandinho, Aline Barros, Kleber Lucas, Eyshila e Ana Paula Valadão seguem um estilo já conhecido e consolidado dentro do gênero, com melodias identificáveis. Porém, ao longo do tempo, o gospel passou a ter variedade e novas sonoridades, como o hip-hop, o reggae, sertanejo e pop. É caso do rapper Pregador Luo, da banda de black music Preto no Branco e do grupo de rap Ao Cubo.
"Muitas dessas pessoas eram admiradores desses estilos musicais quando ainda não convertidos. Depois que aceitaram a Cristo, não deixaram de gostar, mas buscaram se incluir ao falar de Deus. Elas levam evangelização a outras pessoas que gostam dos mesmos estilos não tão habituais como o congregacional, pentecostal e adoração", destaca.
"No meu caso, por exemplo, meu estilo musical é o congregacional. Busco trazer a adoração somente a Deus, e apresentá-lo de maneira bíblica e salvadora", conclui.