São muitos os indícios de que o minimalismo está em alta não só como estilo de vida, mas como forma de se vestir. As formas limpas, peças sem muitos detalhes, looks lisos e modelagens bem construídas conseguem render produções que vão durar muito mais de uma temporada. Só esse motivo já torna o estilo mais sustentável do que uma peça que é supertendência agora e será aposentada daqui uma ou duas temporadas.
A pegada minimalista faz parte do DNA de grifes como a Osklen, por exemplo, e vem aparecendo também nas passarelas dos novos talentos. A carioca Helena Pontes, que estreou suas criações no Projeto Estufa, levou para a passarela uma moda calma, limpa, com poucos detalhes e formas precisas, porém chiquérrima. Focada em tecidos nobres, como o linho, na camisaria e numa cartela de cores reduzida, com tons de cinza, off white, preto e vermelho, a marca conseguiu mostrar criações que estão acima de qualquer tendência.
Um caminho parecido segue a Beira. A marca, que não trabalha com distinção de gênero, trouxe para esta temporada um desfile todo em off white e formas amplas, linhas retas e looks que podem ser usados em qualquer estação, biotipo e temporada.
Além do Estufa, outro grupo de novos talentos faz parte do line-up da semana paulistana. O projeto Top 5, uma parceria do São Paulo Fashion Week com o Sebrae, leva novos talentos de todos os cantos do país para a maior semana de moda do país e tem foco em uma cadeia produtiva sustentável para pensar o futuro da moda. Nesta edição a mineira LED, do designer Célio Dias, se destacou pela proposta sem gênero e sustentável que sua grife propõe. "O desfile trouxe o nordeste como inspiração e teve o objetivo de falar de representatividade e desmistificar a figura do 'cabra macho'", conta Célio. A marca, que nasceu sem gênero ("um assunto já ultrapassado", acredita Célio) trabalha com cores vibrantes desde o início e, segundo Célio, busca traçar um mix de tecnologia com artesanato, sobretudo com o crochê. "Entendo que consegui dar uma cara contemporânea para esse trabalho que, muitas vezes, é considerado vintage. Célio, que se destacou na semana de moda também por usar uma t-shirt com o dizer "Ele não" para sua entrada final na passarela, conta que o posicionamento "em prol da humanidade e da empatia", está no DNA da marca que consegue crescer levantando essa bandeira. "Não é simplesmente uma questão política, mas humana", diz. Em alta nesta temporada, o crochê também apareceu na coleção da designer Karine Fouvry, que apostou em um desfile todo artesanal com looks em off white que remetem, também, ao nordeste e, sobretudo, à contribuição africana na cultura nordestina.