A diversidade nos castings dos desfiles -- uma das abordagens de Rihanna na NY Fashion Week, por exemplo -- e também no público das semanas de moda está cada vez mais evidente. Nos desfiles o movimento pode ser conferido em passarelas das marcas mais conservadoras até as mais vanguardistas. A representatividade não é tema novo para o mundo da moda (nem para o mundo, ponto), mas ainda precisa ser reforçada para que "pegue" em todas as esferas da vida cotidiana. O tema foi abordado, por exemplo, pelo designer mineiro Ronaldo Fraga. Fraga se inspirou na cidade de Tel Aviv (Israel) e na cultura judaica para criar uma coleção que trazia peixes e estrelas bordados nos looks. Diverso, o casting contou com a modelo Lea T., pessoas de diferentes idades, etnias e gêneros. O desfile ainda contou com manifestações de viés político, como um homem portanto no braço, como tipóia, uma bandeira do Brasil, representando o momento político do país e teve, ainda, beijaço (incluindo beijo gay). O show foi finalizado com os convidados ao redor de uma mesa para um banquete típico. "É muito emocionante e interessante observar como Ronaldo manda suas mensagens de maneira criativa e sem agredir ninguém", acredita o consultor de moda Arlindo Grund, presente na fila A do desfile.
Além do Estufa, outro grupo de novos talentos faz parte do line-up da semana paulistana. O projeto Top 5, uma parceria do São Paulo Fashion Week com o Sebrae, leva novos talentos de todos os cantos do país para a maior semana de moda do país e tem foco em uma cadeia produtiva sustentável para pensar o futuro da moda. Nesta edição a mineira LED, do designer Célio Dias, se destacou pela proposta sem gênero e sustentável que sua grife propõe. "O desfile trouxe o nordeste como inspiração e teve o objetivo de falar de representatividade e desmistificar a figura do 'cabra macho'", conta Célio. A marca, que nasceu sem gênero ("um assunto já ultrapassado", acredita Célio) trabalha com cores vibrantes desde o início e, segundo Célio, busca traçar um mix de tecnologia com artesanato, sobretudo com o crochê. "Entendo que consegui dar uma cara contemporânea para esse trabalho que, muitas vezes, é considerado vintage. Célio, que se destacou na semana de moda também por usar uma t-shirt com o dizer "Ele não" para sua entrada final na passarela, conta que o posicionamento "em prol da humanidade e da empatia", está no DNA da marca que consegue crescer levantando essa bandeira. "Não é simplesmente uma questão política, mas humana", diz. Em alta nesta temporada, o crochê também apareceu na coleção da designer Karine Fouvry, que apostou em um desfile todo artesanal com looks em off white que remetem, também, ao nordeste e, sobretudo, à contribuição africana na cultura nordestina.
A pegada tropical vem quente para o próximo verão. Veterano no mundo do beachwear, Amir Slama foi dos designers que apostaram nos babados, na latinidade, e nas estampas de flores e folhas. Outra que apostou nessa vibe foi a designer Patricia Bonaldi. Com uma atmosfera cheia de feminilidade, babados e borogodó, a marca apresentou os vestidos estampados pelos quais é famosa, além de uma recente linha de beachwear.