Marlene Mattos se tornou destaque nos últimos tempos após o documentário da Xuxa para o Globoplay ser lançado e revelar muitos abusos sofridos pela apresentadora por sua antiga empresária em outros tempos. A cantora Lizzo, por sua vez, também causou depois que dançarinas a processaram por uma conduta antiética na sua relação profissional, e o jogador Pedro, do Flamengo, deu o que falar ao denunciar seu preparador físico por diversos tipos de violência.
Então, a gente ouviu a psicóloga Ana Streit, que comentou a forma como uma relação abusiva se dá em um ambiente profissional e o que devemos fazer a respeito.
De acordo com Streit, relações abusivas podem acontecer independente do tipo de relação. Isso significa que é possível que elas surjam no meio amoroso, familiar, entre amigos ou até mesmo no mundo do trabalho. Ela explica: "A relação não tem um selo de relação saudável só porque existe uma certa dependência".
A profissional usa como exemplo o caso de Pedro, que levou tapas e um soco do seu preparador físico após se recusar a fazer o aquecimento para entrar em campo, e alega ter sofrido pressão psicológica nas últimas semanas. "No caso de um preparador e um jogador, o atleta tem um vínculo com aquele outro profissional e precisa confiar nas orientações dele. E essa hierarquia na relação não pode ser uma licença para que os abusos aconteçam", argumenta.
A psicóloga ainda alerta que nossa saúde mental fica frágil em função de abusos, na qual nossa dignidade não é preservada, por conta de diversos tipos de violência e humilhações. Por isso, é importante ficar atento as condutas dos seus colegas profissionais, independente da confiança que você tenha na outra pessoa.
"Agressões físicas, xingamentos, tapas, empurrões, ameaças, manipulações são comportamentos inaceitáveis e intoleráveis. A pessoa que tem essas condutas precisa se responsabilizar, e se autocontrolar. O autocontrole e autoresponsabilidade são habilidades que precisamos ter, tanto para nossa saúde mental e para as nossas relações interpessoais", conta.
Ela também faz um chamado para que não fiquemos calados ao presenciar uma situação de abuso e aclama Pedro por sua atitude em meio ao episódio controverso. "Quando a gente se percebe no contexto de abuso, não podemos nos calar. O jogador Pedro agiu de forma exemplar, não reagiu com violência e procurou a delegacia para reportar o ocorrido", afirma.
Streit ainda nos aconselha sobre a forma correta de como lidar com um caso de abuso profissional. "Quando respondemos de forma violenta, estamos nos igualando à violência recebida, e esta conduta faz com que a gente possa ter nossa justiça prejudicada. Por isso, é essencial agir com maturidade, apensar dos absurdos e das ações abusivas dos outros", defende.
Em seguida, acrescenta: "Em uma situação de violência, mesmo se a gente não está sendo abusado diretamente, ao nos silenciarmos, estamos compactuando com aquilo. Por isso, é importante não tolerar nenhum nível de abuso. Isso é um tipo de erva daninha, só vai se intensificando e escalonando ainda mais".
A profissional da psicologia chega a citar os colegas de Pedro como exemplos do que se deve fazer ao presenciar casos como esse. "Temos que agir como o zagueiro Pablo, o volante Thiago Maia e o atacante Everton Cebolinha, que testemunharam e confirmaram o soco e relataram como foi a agressão contra Pedro. Assim, estaremos fazendo a nossa parte para um mundo mais humano e empático", conclui.