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Marieta Severo deu adeus à Dona Nenê, mãe dos Silva que interpretava na série "A Grande Família", para dar vida à cafetina Fanny na novela "Verdades Secretas", da Globo. Na trama prevista para ir ao ar em junho na faixa das onze, a atriz viverá um romance com Reynaldo Gianecchini e vai aliciar Stephanie, personagem de Yasmin Brunet, para a prostituição, além de outras meninas, como Larissa (Grazi Massafera ) que acabará se envolvendo com crack.
Fanny é uma empresária, dona de uma agência de modelos, e faz tudo em nome do dinheiro e poder. A mudança de papéis, da água para o vinho, deixou a veterana atraída para voltar à TV em grande estilo. "Uma das coisas mais atraentes da Fanny é ser diferente da Nenê. Brincadeira, mas isso é um plus sim. Eu não pretendia voltar às novelas ainda, mas achei ótimo. Ela é dona de uma agência de modelos, que complementa o orçamento vendendo as meninas. Vende esse submundo para as garotas com muita convicção e amoralidade", explicou Marieta, em entrevista ao jornal "O Globo" desta terça-feira (19).
A personagem que segue o estilo "poderosa", não tem medo de ser apontada como amoral, pelo contrário. Marieta, aliás, quer que o papel seja uma forma de levantar debates sobre o assunto. "É a maneira de Fanny estar no mundo. Ela é amoral, quer dinheiro, poder, não tem limite. Quando você toca nessas questões, quer criticar, dizer: aí gente, tem isso. Porque hoje se está com a mania de cobrir todos os sóis com as peneiras. Temos um conservadorismo no ar", opniou a atriz, que ainda fez duras críticas ao abordar temas políticos: "Quando você tem um Congresso votando uma lei de maioridade penal, é o quê? É um conservadorismo político apoiando um conservadorismo social, de ideias, de princípios, de valores".
Marieta Severo se diz chocada com estilo conservador
Dona do Teatro Poeira e Poeirinha, no Rio, que possui em sociedade com Andrea Beltrão, Marieta estreou a carreira no teatro em 1965 na peça "Feiticeiras de Salém". No mesmo ano, atuou no filme "Society em baby doll" e não parou mais de trabalhar na dramaturgia. Após 40 anos de carreira, ela avaliou com cautela o cenário artístico e reforçou opiniões sobre assuntos polêmicos como a maioridade penal.
"Sou completamente contra. Sou contra muita coisa que está em evidência e que, para a minha geração, é chocante. Há um retrocesso que nunca imaginei. Sou da década de 1960, do feminismo, da liberdade sexual, das igualdades todas. Quando você tem essas conquistas, a tendência é achar que elas estão conquistadas dali para a frente. Quando volta esse moralismo, e esse mundo religioso começa a ditar as regras, é muito assustador", afirmou ela. À publicação, a atriz ainda falou sobre conquistas femininas e citou o aborto.
"Há espaços da mulher que foram conquistados e são sólidos. Mas há outros em que a gente não consegue ir adiante, como o aborto, que é um direito. E por quê? Por causa desse conservadorismo religioso com representação política. Não tenho nada contra religião. Sou a favor de todas, mas não exerço nenhuma. Só não quero uma religião legislando a minha vida", disparou.
Em mesmo camarim da Dona Nenê, atriz se despede de papel: 'Foi embora'
Bem diferente da mãe de família do seriado da Globo, que se despediu das telinhas após 489 episódios no ar em setembro do ano passado, Marieta está pronta para viver a cafetina. Ela contou à publicação que viu o coração palpitar ao chegar para gravar "Verdades Secretas" no mesmo estúdio onde o seriado era rodado no Projac. A atriz, porém, que já gravou a novela na São Fashion Week - e até protagonizou uma saia justa ao sair sem pagar um sanduíche - garantiu que Nenê é passado na carreira.
"Nenhum personagem te habita de forma tão absoluta quanto um que você faz por tanto tempo. É quase a sensação de uma outra natureza. É muito louco. E aí é antinatural se despedir dele. Foi muito difícil. Se eu falo, até hoje me dá angústia. É uma perda. Vivi por 14 anos com essa família mais do que com a minha própria. Acho que não é para fazer tanto tempo um personagem. Mas ela foi embora. Estou gravando no mesmo estúdio de 'A grande família'. Tive de respirar três vezes e entrar. Estou no mesmo camarim. Mas agora é Fanny".
Questionada sobre o que quer no futuro como atriz, a veterana Marieta deixou claro: "Peças ótimas e trabalhos ótimos na TV e no cinema. Mas meu ponto de realização máximo é o Teatro Poeira e o Poeirinha, que fazem 10 anos. Eu quero que o Poeira continue com a importância que passou a ter. É o meu legado".