Luana Piovani enxerga a decisão da Justiça sobre Dado Dolabella como uma vitória social. O ator foi enquadrado na Lei Maria da Penha pelo Superior Tribunal de Justiça por ter agredido Luana, sua namorada, em 2008. Em entrevista ao jornal "Extra" desta segunda-feira (14), a atriz reforça que o resultado do processo judicial - que acabou prescrevendo - tem mais efeito sobre mulheres que passaram e podem passar pelo mesmo problema.
"Minha felicidade não é tanto por mim. Minha ferida está fechada e cicatrizada há muito tempo. É pelo que representa para a sociedade. Como é que um desembargador vem dizer que uma mulher por não ser hipossuficiente (pessoa de poucos recursos), que não tem uma certidão de casamento, não pode ser protegida pelas leis de um país? Isso me deixava totalmente indignada. Mas hoje estou dez vidas mais evoluída do que há seis anos, quando tudo aconteceu.", contou.
A denúncia feita contra o namorado por agressão contou com o apoio de desconhecidas, a maioria, mulheres que passaram pelo mesmo caso. "Algumas me escrevem, me agradecem. No meu Instagram, tem uns três depoimentos de mulheres falando a respeito. Na época, recebi cartas de psiquiatras da Zona Sul, inclusive. Um dizia que o meu nome tinha surgido três vezes no consultório dele naquela semana, que há muito mais violência no meio com mais informação e poder aquisitivo do que a gente sonha, e que são justamente essas mulheres que se calam perante a sociedade."
A fama de geniosa não a impediu de temer pela decisão, que demorou para ser tomada. "Levei três dias pensando não só no impacto da pessoa pública, como na minha vida pessoal. Foi uma coisa dificílima de fazer. Mas precisava fazer, senão não seria eu. Nasci assim, indagadora, não vou dizer amém para as coisas erradas. Graças a Deus! Se tivesse nascido na época da ditadura, tinha morrido num pau de arara. Ainda bem que não nasci", disse ela, que se afastou das redes sociais por um ano após se receber ameaças no Twitter quando fez provocações à torcida do Cortinthians.
"Depois do Twitter, entendi que tenho que pensar no que posto. Fiquei com medo, claro. Aprendi a usar melhor as palavras. O segredo está em lutar por seus direitos sem perder a razão. Não é no grito", garante.
Aos 37 anos e mãe de Dom, de dois anos, o primeiro filho, a atriz comemora a estreia de mais uma peça infantil: "Sempre ofereci teatro de conteúdo e qualidade para o filho dos outros. Agora tenho um filho na plateia".
Premiada por um espetáculo infantil, Luana não se incomoda com a postura de Caio Castro, que declarou que não gosta de teatro: "O Caio é um menino lindo, que está tendo uma oportunidade incrível na vida dele, e eu quero que ele e que todo mundo seja feliz. A vida é feita de escolhas, cada um faz a sua e eu respeito a de todo mundo".
Ex-Superbonita
Ao jornal, a atriz também comentou a razão de ter deixado a apresentação do "Superbonita, no GNT. "Eu tinha muito poder de decisão no programa. Dava ok, na pauta, nas convidadas, na equipe técnica. E eles se sentiram um pouco engessados. Daí a gente rescindiu o contrato. Acho que estavam querendo uma apresentadora que só apresentasse.", diz Luana, que foi substituída por Grazi Massafera no programa.
TV e cinema
Além da peça teatral, a atriz vai começar a fase nos cinemas no papel da protagonista com o longa "Berenice Procura", uma taxista que vai aparecer sem maquiagem. Vaidosa, a atriz diz que aparecer de cara limpa não será um problema. "Isso é uma bobagem. Uma taxista de Copacabana ganha um determinado valor por mês, não pode ter cara de capa de revista. A história da Berenice é legal. Como é taxista, acompanha a vida de muita gente e vê o assassinato de um travesti. Aí ela começa a investigar, tem um quê policial", revela.
Luana voltará à TV na minissérie "Dupla identidade" no papel de uma policial. Na vida real, a atriz já confessou que tem medo da polícia. "O que vai me fazer sentir mais protegida em relação à segurança do nosso país é a política, investimento em policiais melhor treinados. É uma questão política e não tem nada a ver com o fato de eu ser uma atriz e fazer uma policial."
Além do cinema, a atriz guarda na manga projetos voltados para a TV que envolvem o universo infantil, como uma atração voltada para os pequenos. A atriz chegou a apresentar um programa piloto para a TV Globo, mas o proposta ainda não foi aceita. "O programa é tão incrível. Esse sonho e outros 40 se mantêm. Também tenho vontade de ter uma creche, de ter uma loja de brinquedos instrutivos, mas a gente vai realizando o que dá, conforme as oportunidades vão chegando...", revela.
Família
Dois anos após o nascimento de Dom, a atriz planeja aumentar a família com o surfista Pedro, com quem é casada desde 2013: "Se Deus quiser, vamos ter mais dois filhos, no mínimo. Também queremos adotar, mas é que para isso tudo acontecer a gente tem que ter casa grande, condições financeiras".
O marido, Pedro Scooby, um dos nomes mais conhecidos do surfe tow in, esporte praticado em ondas de 30 metros, tem o apoio da atriz, mas ela confessa que prefere não se envolver com o trabalho do marido.
"Lido bem demais, porque finjo que não existe. Nunca vou às competições. Porque se estivesse na praia, ia me agarrar no pé dele e gritar: "Você não vai, você não vai!". Ele me liga e fala: 'é amanhã que vai entrar o swell (série de ondas grandes)". Daí rezo antes de dormir, rezo quando acordo e peço: "Meu Deus, me acompanha no dia de hoje, protege meu marido, faz ele entrar e sair inteiro". E vou fazendo coisa, fazendo coisa. Quando falo com ele, já acabou, já pegou a onda, já está feliz. Então, se um dia acontecer de dar merda (ela bate na madeira), vou saber em 15 minutos."
Se depender de Luana, o futuro do filho vai passar bem longe das ondas. "Imagina, ele pode ser escritor, maestro, guitarrista, diretor de fotografia. Acho chiquérrimo. Enfim, mil coisas. Vou dar uma incentivada na maciota".