Leandra Leal falou pela primeira vez sobre a filha, Julia, adotada em 2016, com seu marido, Alê Youssef, em entrevista ao amigo Lázaro Ramos, no programa "Espelho", do Canal Brasil, nesta segunda-feira (10). "Acho que eu só falaria isso num programa com você", brincou a reservada Leandra, que mantém a discrição até mesmo nas fotos postadas da filha em seu Instagram. No dia em que participou de uma campanha contra o "BBB" Marcos Härter, a artista comentou ainda sobre feminismo e as dificuldades de criar uma menina negra.
O processo de adoção de Júlia, de 2 anos, foi concluído em dezembro, quando o casal fez uma tatuagem em homenagem a Julia. "Eu nunca engravidei, mas eu tive a minha filha da forma mais linda do mundo. Ela me adotou como mãe, e isso é muito transformador, muito pura, muito louca. Você quer proteger, quer cuidar, e ao mesmo tempo que ela cresça, que seja linda, que seja livre, que ela construa. A forma como eu me tornei mãe foi mágica, foi um encontro de alma, um amor incondicional escolhido. E no meio de tudo isso que está acontecendo no nosso país, sentir esse amor dá muita força".
Lázaro, que também é pai de dois filhos negros, de seu casamento com Taís Araújo, questionou até onde preocupa criar uma mulher negra no Brasil. "Eu me considero uma pessoa consciente e nunca fui indiferente a isso. Mas agora é muito diferente. Eu tenho muita preocupação com o lugar onde ela vai ser criada, com o país que vai enfrentar. Comecei a me questionar muito, os meus valores, meus amigos. Comecei a ver que a Zona Sul do Rio de Janeiro é predominantemente branca, algo que eu não via tanto e que começou a me incomodar muito, de referências para ela", afirmou. "Há dificuldades em todas as coisas, até xampu! Não existe para criança negra, é uma loucura", lamentou.
Leandra se declarou para Julia e contou o que espera para o futuro da menina. "Não é porque é minha filha, mas ela é incrível. E o que eu procuro é que ela seja uma mulher forte, que tenha consciência do que ela vai enfrentar e que isso nunca seja mascarado. Que ela seja uma guerreira, como toda mulher 'Leal', como minha mãe fala", disse, emocionada, destacando que ficou ainda mais atenta às questões do empoderamento feminino com a maternidade. "Isso já estava na minha pauta há muito tempo, mas depois de ser mãe de menina aumentou muito mais".
(Por Clara Mayrink)