Entrevistar João Gordo é certeza de ter respostas polêmicas. E no programa "De Frente com Gabi", exibido na noite deste domingo (10), não foi diferente. Sem papas na língua, o integrante do grupo Ratos do Porão contou à Marília Gabriela o motivo de sua banda não participar de grandes festivais de rock que acontecem no Brasil. Segundo ele, os músicos nacionais não são valorizados nesses eventos e a produção do Rock in Rio, por exemplo, ofereceu um cachê de R$ 4 mil.
"Não vou ao Rock in Rio. É um festival bunda. O line-up de heavy metal deste ano foi bom, mas misturando o resto acho ruim pra caramba. Para o Ratos de Porão não faz diferença tocar no Rock in Rio. Ir lá para ganhar uma merreca enquanto tem umas bandas que ganham uma puta grana? Não compensa", reclamou ele.
João Gordo foi além. "Ganhar cachê de R$ 4 mil? Não vou. Os gringos ganham 80 mil dólares. Eu tenho vergonha na cara. Os promotores só dão valor às bandas nacionais quando os integrantes morrem. No futuro vão dizer: o Gordo era legal pra caramba", avaliou.
Suas críticas envolveram outros eventos. "Os grandes festivais não convidam a gente pra tocar. Esses festivais grandes, como Lolapalooza e Monsters of Rock, estão sempre nas mãos dos mesmos. Estamos fora desse circuito. É uma panela que não conseguimos entrar", disse.
"Só mudam as bandas ruins. A panela de empresários é sempre a mesma. Banda nacional é desprezada. Os caras pagam milhões pra banda gringa tocar. E, às vezes, a banda gringa toca em bar. Aqui no Brasil cobra pelo menos 60 mil dólares", completou.
Durante a conversa, João Gordo fez ainda outras afirmações cheias de personalidade. Ao ser provocado por Marília Gabriela, o roqueiro disse o que pensa sobre o funk. "É uma manifestação muito popular. Dá emprego para muita gente, mas acho uma merda. O funk é minimalista. É para a pessoa que não gosta de coisa que complica. Gosta de coisa fácil. Não precisa pensar muito. É aquele refrão que cola e não sai nunca mais. O pessoal ama".
Gordo fez carreira na MTV Brasil e acabou opinando sobre o fim do canal. "Foi patético. Achei demais aquela comemoração toda. Não senti meu chão abrir com o fim do canal porque saí três anos antes. A chefia começou a puxar meu tapete, tiraram meus programas. Tinham umas chefes que não iam com a minha cara", contou.
O roqueiro saiu do canal musical e foi para a Record. "Quando vi que estava lá já era tarde. Tinha que ficar três anos. Não vou cuspir no prato que comi, mas aquele lugar não tem nada a ver comigo", avaliou. No canal, ele participou do "Legendários" e do "Ídolos Kids". "Preferia mil vezes estar no outro 'Ídolos', que esculacha os caras que cantam mal, do que com aquelas crianças que estão ali, acham que cantam e não cantam nada. Eu não queria chegar numa criança e esculachá-la".