Há mais de uma década, o Brasil foi abalado por um dos crimes mais brutais e midiáticos de sua história. Bruno Fernandes das Dores de Souza, então goleiro do Flamengo e em ascensão no futebol brasileiro, foi condenado pelo assassinato da modelo Eliza Samudio, mãe de seu filho. Em 2010, Eliza desapareceu e nunca mais foi vista, deixando um rastro de horror e indignação que continua a ecoar até hoje.
Agora, 13 anos após sua condenação, Bruno tenta refazer sua vida longe dos holofotes, mas não do escândalo. Ele foi flagrado recentemente trabalhando como entregador de móveis na cidade de Rio das Ostras, no litoral norte do Rio de Janeiro, onde, apesar de sua tentativa de ser discreto, sua história o segue.
Bruno, que agora tem 39 anos, está em liberdade condicional desde janeiro de 2023. Trabalhando na Casa Unimar, uma loja de móveis em Rio das Ostras, o ex-goleiro realiza entregas em cidades vizinhas e tenta manter uma rotina longe da mídia.No entanto, um vídeo que o mostra descarregando móveis viralizou, reacendendo a curiosidade sobre o que aconteceu com o homem que, há pouco mais de uma década, era cotado para defender a Seleção Brasileira.
Seus colegas de trabalho, segundo uma reportagem da UOL, descrevem Bruno como um funcionário 'dedicado' e 'pontual', ressaltando que ele não causa problemas no ambiente. Uma das funcionárias, que pediu anonimato ao veículo, afirmou: "Ele está tentando recomeçar sua vida". A presença de Bruno, no entanto, ainda desperta desconforto em parte da população local, que se lembra vividamente do crime que chocou o país.
Em 2010, o desaparecimento de Eliza Samudio, mãe do filho de Bruno, trouxe à tona uma trama aterrorizante. A modelo havia denunciado o goleiro por agressões e sequestro, mas nunca imaginou que seu destino seria ainda mais cruel. Segundo investigações, Eliza foi sequestrada, levada para o sítio de Bruno em Minas Gerais, onde foi estrangulada e esquartejada. Seu corpo jamais foi encontrado.
O caso ganhou as manchetes de todo o Brasil, principalmente devido à fama de Bruno no Flamengo, um dos maiores clubes de futebol do país. Ele foi condenado a 22 anos e três meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado. Outros envolvidos no crime, como o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como "Bola", e Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", também foram condenados.
O interesse pelo caso voltou à tona com o lançamento do documentário da Netflix, "A Vítima Invisível: O Caso Eliza Samudio", que estreou na quinta-feira (26). O longa explora os detalhes do crime, desta vez sob a perspectiva da vítima. O documentário revive a história de Eliza, apresentando detalhes impactantes e revelando o sofrimento vivido por ela nas mãos de Bruno e seus cúmplices.
Além de revisitar o caso, o documentário questiona o sistema de justiça brasileiro e a percepção pública sobre criminosos que, como Bruno, voltam a conviver em sociedade após cumprirem parte de suas penas.
Bruno tentou, em várias ocasiões, retomar sua carreira no futebol, mas suas tentativas foram frustradas por decisões judiciais e a repercussão negativa do público. Hoje, além de trabalhar como entregador de móveis, ele é sócio de uma loja de açaí em São Pedro da Aldeia, cidade vizinha a Rio das Ostras.
Enquanto tenta reconstruir sua vida, o documentário sobre Eliza Samudio e as reações da sociedade mostram que a memória de seu crime permanece viva, e a aceitação de seu recomeço é algo que, para muitos, ainda está longe de acontecer...