"Malhação: Vidas Brasileiras" trouxe debates importantes para a TV. Preconceito religioso e assédio sexual foram algumas das pautas da novela e agora a questão de transsexualidade começou a ganhar espaço com Gabriela Loran, a professora de dança Priscila. Em conversa com o Purepeople, a primeira atriz trans do folhetim comemora levar o assunto para os telespectadores: "É muito empoderador. Só uma mulher trans sabe falar das mazelas, sabe dos nossos problemas. Ela leva a luta e a questão de gênero de uma forma mais sutil. É minha linha de militância. Sou muito didática".
Para Gabriela, é necessário que trans ganhem ainda mais espaço na TV e dentro da sociedade: "Fico feliz. Mas ainda é pouco. Não quero ser a única. Quero contracenar com outras trans. É super válido o debate. Mas não pode se acomodar. Eu quero ver outras trans. Não tem como saber que existem se não há na TV". A atriz não se limita a viver apenas mulheres trans na ficção, mas prefere priorizar a luta contra o preconceito em seus papéis: "O Brasil é o país que mais mata trans. No momento que a gente vive, a gente precisa mostrar que existe. Como atriz, eu quero fazer todos os papéis. Mas prefiro fazer papéis que tenham essa visibilidade".
Em "Malhação", Priscila incentiva Leandro (Dhonata Augusto) a enfrentar o preconceito para seguir a paixão pela dança. A atriz conta que julgamento é bastante presente na vida real: "É muito interessante. Existe muito isso no mundo da dança. É importante debater e trazer para a tela. O Leandro é hétero. Mas porque faz dança acham que é gay". "A mulher trans possui um esteriótipo de prostituição. A Priscila é professora de dança e trabalha como drag queen. Ela leva o Leandro para trabalhar porque ele precisa de dinheiro. Logo surge essa ideia que ela está levando para a prostituição", completa.
Junto com a carreira de atriz, Gabriela possui um canal no Youtube e pretende continuar com os vídeos na plataforma: "O Youtube é minha válvula de escape. É onde eu posso ser eu mesma. O canal não é só para as pessoas trans. Sou muito didática e qualquer pessoa que tenha dúvida sobre o mundo trans pode assistir. Quero dar voz para o trans". Para o futuro, a modelo pretende seguir na televisão: "Amei a linguagem da TV. Pretendo continuar. Já tenho alguns projetos. Mas não posso falar ainda. Também quero fazer cinema".
(Por Tatiana Mariano)