Os dois tocam violão, começaram a carreira na música e acabaram parando nas novelas. Essas são algumas semelhanças existentes entre Almir Sater e Gabriel Sater, pai e filho. Mas o herdeiro garante que elas param por aí. "Cada um tem seu cada um. Mesmo que eu quisesse imitá-lo, nunca seria ele. Existe uma áurea espiritual que protege pessoas tão especiais como meu pai", elogia Gabriel, em entrevista ao Purepeople.
Ele evita as comparações, mas outra semelhança entre pai e filho chama a atenção: a aura de galã. Assim como Almir, que fez muitas mulheres suspirarem em "Pantanal" (1990) e "O Rei do Gado" (1996), Gabriel tem provocado o mesmo em "Meu Pedacinho de Chão". Na nova novela das seis, seu primeiro folhetim, ele interpreta Viramundo, um sedutor violeiro que arrebata o coração de Milita (Cíntia Dicker) ao som de sua viola.
"Me questionam se eu me vejo como galã. Essa é uma pergunta difícil. Isso são as pessoas que têm que achar. Eu só tento ser melhor a cada dia e procuro enaltecer e melhorar as minhas qualidades", diz ele, com modéstia. As fãs mais atiradas, no entanto, podem perder as esperanças, Gabriel é casado - e apaixonado, como ele frisa - há cinco anos com a artista plástica Paula Cunha.
Tradição familiar
Em mais duas semelhanças com o pai, Gabriel também começa sua carreira como ator em uma novela escrita por Benedito Ruy Barbosa e aos 32 anos. "O (Almir) Sater é meu amigão desde 'Pantanal'. Transformei ele em ator nessa novela. Agora vem o filho. O menino é bom, toca bem. Pra mim, o que vale, é a viola", conta o autor, bem humorado.
O convite para atuar em "Meu Pedacinho de Chão" veio de Luiz Fernando Carvalho. Gabriel estava a caminho da festa de aniversário do pai, quando a produção do diretor o convidou para ir ao Rio de Janeiro na hora, para testes.
"Disse: 'pai, feliz aniversário, mas vou lá conhecer o Luiz Fernando'", relembra, rindo. "Cresci vendo as novelas do Benedito e meu pai tem um enorme carinho por ele. Quando soube que começaria em uma novela sua, disse que já tinha ganhado seu melhor presente de aniversário".
Segundo Luiz Fernando Carvalho, o convite foi feito porque ele queria um músico e cantor no papel de Viramundo. "Buscava alguém que tivesse a destreza e habilidade com um violão. Assim não precisaria colocar um dublê. Acabou que me surpreendi com sua sensibilidade. É um personagem modesto, mas ele está fazendo com muito brilho e carisma", elogia o diretor, que vê a tradição da família Sater bem honrada. "Você não pode comparar os dois. O pai está num Olimpo, mas o Gabriel vai chegar lá", aposta.
Ator por acaso
Atuar não estava nos planos do novo galã. Seguindo carreira musical há 14 anos, ele já admirava a profissão de ator, mas achava algo distante, mesmo tendo feito um curso de teatro de seis meses nos Estados Unidos. "Eu me dedicava muito à música, então não tinha tempo para outra arte. Quando surgiu a oportunidade, não perdi a chance".
Sem experiência, ele diz que no estúdio segue o "feeling". "Estou sempre espiando algo, observando. Fico quieto e aprendo com todos", conta, que diminuiu a quantidade de shows, mas não pensa em abandonar a carreira musical. Ele, a propósito, tem aproveitado a fama da TV para divulgar seu novo CD, "Indomável".
É nos palcos, inclusive, que pode acontecer um encontro artístico entre Almir e Gabriel. "Em novelas, acho difícil. Meu pai não pensa em voltar a atuar. Mas adoro tocar com ele. É uma experiência única", avalia, com um marcante sotaque do Pantanal. Assim como o do pai.
(Por Anderson Dezan)