A advogada da vítima de estupro cometido por Felipe Prior, Maira Pinheiro, está sofrendo muitas ameaças e ataques dos fãs do ex-"BBB", após denunciar o mesmo pelo crime e fazer com que o arquiteto fosse condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto. A criminalista relatou que já foi xingada de diversos nomes, como "vagabunda" e "desgraçada" ao longo desse tempo em que defendeu, Themis, nome fictício para identificar a jovem que sofreu um abuso sexual.
Maira contou, em entrevista ao G1, divulgada nesta terça-feira (18), que recebeu mais de 20 ligações de um número anônimo em uma madrugada de julho de 2021. Ao atender, o desconhecido afirmou saber onde Themis e as outras três jovens que denunciaram Prior moravam e disse que queria conversar com a advogada, pressionando a mesma ao dizer que ela estava perdendo o tempo dela.
Nesses três anos e meio de processo, Maira disse que teve constantemente sua caixa de entrada das redes sociais lotada com mensagens de ódio e ataques vindo de admiradores do ex-participante do "BBB 20", que foram detonados por Felipe Neto recentemente. Ela explica: "Os fãs dele são muito virulentos. Minhas redes sociais chegavam a ter mais de 100 mensagens, todas de ataque, de ódio, me xingando com palavras machistas, me atacando no exercício da profissão".
No entanto, isso não a fez desistir da sua missão. "A minha imagem foi muito explorada. Mas isso faz parte do jogo né? A gente não tem medo de fanático", reforçou.
Algumas das ofensas que ela recebeu nas mensagens compartilhadas com o portal da Globo foram: "vagabunda, bandida, pilantra, rata, nojenta, desgraçada, imunda e arr*mbada". Um internauta chegou a desejar que ela tivesse "o pior tipo de morte".
Ainda assim, o comportamento não se deu na mesma intensidade com seus colegas homens. Isso significa que seus parceiros no processo não receberam o mesmo tratamento que ela, por ser mulher. "Para as mulheres, ser atacada e ameaçada no exercício da profissão é mais comum do que para os homens", reconhece.
Ela ainda rebate: "Vagabunda, vadia. Esse tipo de palavra. Porque é isso que nós mulheres somos quando desagradamos o patriarcado. E como a gente estava indo para cima de um criminoso em série, que tem um padrão de predação de mulheres, a gente desagrada o patriarcado. Mas não é algo que nos intimide".
Vale destacar que Themis, mesmo preferindo manter sua identidade em sigilo para não deixar essa história a marcar, também sofreu com mensagens de ódio e perseguições nas redes sociais.