Se depender de Fabiula Nascimento, Cacau, Edgar (Caco Ciocler) e Roberval (Fabricio Boliveira) vão se envolver em um triângulo amoroso na novela "Segundo Sol". "Eu não faço a menor ideia (risos). Isso tem que perguntar para o João (Emanuel Carneiro, autor). Eu quero mais é que role para o bicho pegar fogo", dispara a atriz ao Purepeople. E para ela, há indícios fortes que sua personagem, mãe de criação de Ícaro (Chay Suede), por quem chegou a ser roubada, e o filho de Severo (Odilon Wagner) vão se reencontrar. "Mas acredito que deve rolar mais coisa com o Edgar. Ainda mais da maneira como foi escrito, com os sentimentos descritos. Tem uma história ali que não ficou bem resolvida e daqui a pouco vai começar a dar andamento", entrega.
E para Fabiula, Cacau tem sentimentos diferentes por seus dois ex-namorados, que são irmãos. "É um envolvimento do passado, aquela paixão louca. Depois dos anos que se passaram tem o amor que não ficou bem resolvido com o personagem do Caco, que está lá casado (com Karen, Maria Luisa Mendonça) e dentro da mesma casa e não é ela que vai mostrar o contrário. O outro sumiu e desapareceu deixando ela dizendo que a amava, que ia adotar os sobrinhos como filhos", afirma. Segundo ela, Cacau tem uma visão antiquada. "Tem um pensamento machista mesmo de que ela estaria com um cara que ia dar alguma segurança para ela, que ela ia ficar bem, que não teria que ter separado os sobrinhos, essa culpa. E tem essa chance de resgatar esse afeto aos 40 anos e ela vai. A vida dela está tranquila, bem resolvida, se daqui para frente ela tiver um lance com ele vai ser legal", completa. "Mas não sei se ela quer realmente, acho que tem uma história mal resolvida ali. Ela pode estar confundindo e abrir mão de um cara realmente importante para viver de novo uma história idiota e não vai dar para saber. É a vida", acrescenta. "É culpa. Quantas pessoas nós vemos que ficam em um casamento porque o outro ajudou no passado, ou porque tem filhos, ou por qualquer motivo. Por culpa as pessoas vivem uma história que não é delas", opina.
Ao mesmo tempo, a possível volta com Roberval vai ter pela frente a sua sede de vingança contra a própria família. "As pessoas estão começando a me avisar na rua que ele quer se vingar de mim, está ótimo (risos). Dizem para ela fugir. Acho que ela desconfia que alguma coisa esteja acontecendo por ela ser uma mulher vivida e não uma menina", aponta. "Ela tem quase 40 anos que já passou por vários percalços na vida e é escaldada. Ela desconfia bastante dele, mas acredita no afeto dele porque eles tiveram uma história forte no passado. Ele era completamente apaixonado por ela e ela sente um pouco de culpa por ter causado algum mal a ele no passado. Ela tenta se acertar com esse cara que realmente diz que a ama", acrescenta.
Além da experiência de vida, Fabiula aponta outras características de sua Cacau, que não esconde a revolta ao saber que Beto (Emilio Dantas) manteve a farsa de sua morte. "Ela é uma mulher que tinha tudo para dar certo. Ela é coerente com o que pensa, livre, dona do corpo e do desejo, solteira que teve caso com dois caras. A história dos sobrinhos aquela foi a melhor maneira que ela encontrou. Eles vão crescer e conseguir se reencontrar. A irmã foge do país. As coisas vão saindo do trilho", diz. "Na cabeça dela a irmã ia ficar 25 anos presa, as crianças seriam criadas naquela casa, ninguém ia descobrir nada e a vida ia seguir. Só que a vida não é assim e deu o que aconteceu", completa, exaltando o lado empoderado de Cacau. "Ela é dona do corpo e do desejo dela, das paixões, não querer ter filhos mas querer se dedicar a uma carreira e não se arrepender disso em nenhum momento. Todo o lugar do mundo que falamos sobre feminismo ainda tem muita confusão sobre o que isso é. Todos os dias tenho que explicar para alguém que feminismo não é o contrário de machismo. Que tem várias vertentes da causa. A sociedade é enraizada no machismo", define.
Apesar da sobrinha ter problemas com drogas e o sobrinho ter caído para o lado da prostituição, Fabiula enxerga um aspecto positivo na vida dos dois. "Os meninos, querendo ou não, deram certo. Eles são problemáticos como todo jovem, mas ela se deu muito bem. Ela saiu de Boiporã dizendo que queria ter um restaurante em Salvador e ela tem um restaurante em Salvador. Foram anos trabalhando", afirma. "Logo que ela saiu da casa ela já era a Cacau do Abará. Ela é uma mulher que não desistiu do que queria. Ela fica ligada, é muito antenada. Dentro da trama toda ela é a mais coerente com tudo que acontece. O restaurante é o sonho realizado. É o filho, onde ela chegou, o lugar dela no mundo, onde ela domina e sabe de tudo. É realmente a visão empreendedora dessa mulher. A alma dela está ali", acrescenta. E para Fabiula, Ícaro, Cacau e Manuela (Luisa Arraes) têm uma relação de afeto. "Eles se amam, só estão desconectados. E você se conecta depois por outro motivo com a pessoa. Eles não estão há 18 anos em pé de guerra. Esse desencontro é agora", explica. "Teremos cenas lindas de reencontro agora com o Chay. Agora ele está todo errado fazendo meninice. Já com a Manu elas são distantes e não se procuram mesmo, por escolha delas até. Por isso que rolou na vida e a Cacau não vai forçar a barra. As coisas são assim mesmo, uma pessoa não tem que gostar da outra", opina.
E Fabiula conta também que para ela é fundamental o bom entrosamento atrás das câmeras. "Só sei trabalhar assim, com essa troca. Se tenho uma dica que posso passar a diante para ajudar um companheiro não tem que pensar duas vezes. E meus parceiros não posso falar nada, eles são geniais. Tem uma experiência muito grande de cinema, de teatro. E principalmente no teatro que você precisa muito do outro. Na arte ninguém faz nada sozinho. Tenho bons colegas e estou no céu com eles", finaliza.
(Com apuração de Patrick Monteiro e texto de Guilherme Guidorizzi)