"Oi, meu nome é Ellen. Muito prazer", era o que dizia a pequena Ellen Rocche quando uma visita chegava na casa de seus pais, em São Paulo. A falta de timidez do tempo de infância, entretanto, não acompanhou o crescimento da menina, que se tornou um mulherão, e se apresenta atualmente na TV como Brunetty, ou a famosa Mulher Mangaba, em "Sangue Bom". Quando precisa se despir de Ellen para entrar na pele da periguete das sete, a atriz deixa para traz todos os seus pudores e vaidade. Os looks ousados, curtos e decotados da personagem só entram em cena mesmo quando ela está prestes a ouvir o 'gravando'.
"Eu tenho vergonha de sair com as roupas dela. Depois de me vestir, eu coloco o roupão e só tiro mesmo na hora de gravar. Quando termino, coloco o roupão de novo na hora", entrega.
Para compor o papel que marca a volta da atriz nas telinhas, desde "O Astro" (2011) - a atriz fez uma participação em "Guerra dos Sexos" um ano depois - Ellen teve de encarar o funk, soltar a voz e também o rebolado. Embora já tivesse uma facilidade para a dança, ela suou a camisa para aprender os passos de funqueira. O mais difícil, entretanto, foi compor a personalidade de Brunetty, que apesar de ser uma mulher fruta como as que existem fora da ficção, não é inspirada em ninguém:
"As pessoas acham que é fácil dançar, mas tive de trabalhar muito nisso. Senti mais dificuldade para compor o seu perfil, porque ela não tem que cantar bem, nem dançar bem. Eu percebi nos textos dos autores (Maria Adelaide Amaral e Vicente Villari) uma certa brincadeira, mostrando que ela é destrambelhada. Então ela tem um lado sensual, mas dança toda descoordenada às vezes e acha que está abafando".
Com Brunetty aliás, Ellen só tem em comum o bumbum, como ela mesma brinca, e o senso de humor. De resto, correspondem aquele ditado dos "opostos que se atraíram". "Ela fala na lata, já eu penso mil vezes antes de falar qualquer coisa", compara a paulista. "Eu sou muito tímida. As pessoas dizem que sou simpática, brincalhona, que tenho o riso fácil. E esse é meu jeito desde pequena. Mas esse meu jeito é um escudo. Às vezes quando eu estou mais envergonhada, eu dou risada", completa.
Focada na periguete de "Sangue Bom", Ellen veste mesmo a camisa da Mulher Mangaba. Nas ruas, aliás, ela diz já ter sido chamada de pistoleira, por causa das armações da personagem, e já foi questionada diversas vezes de quando terá um show dela. Mas Brunetty só quer saber de dar "trela" dentro de cena. "Tem vezes que eu acordo cantando 'trela, tre, trela' (hit 'Solteirinha da Pompéia', da mulher fruta). Estou sempre com o papel na cabeça", diz Ellen que, aos 33 anos, evita assumir um namoro em público.
"Na hora certa as pessoas vão conhecê-lo", admite, mantendo o suspense no ar. Nem mesmo a maternidade, algo que sempre a acompanhou por ser canceriana com ascendente em câncer, movimenta os pensamentos da atriz. "Nessa correria que me encontro não tem nem como, o foco está na carreira. Acho que quando for o tempo certo, as coisas vão se encaminhar para que eu tenha filho. Sou muito maternal, muito ligada à família, adoro paparicar meus pais. Mas acho que sou tranquila também com a ideia de não ter filhos", acredita a atriz, que adianta que sua personagem ainda vai dar o que falar no folhetim: "Já gravei a segunda música da Mulher Mangaba e o Vicente já me adiantou que vai ter a terceira".
(Por Larissa Moggi)