Tiririca, candidato à reeleição ao cargo de deputado federal pelo PR/SP, está envolvido em uma polêmica. Ele fez uma paródia da música "O Portão" em sua propaganda eleitoral e agora será processado pela editora EMI Songs, que administra as obras escritas por Roberto Carlos e Eramos Carlos.
Na campanha, Tiririca aparece vestido como Roberto Carlos e ainda cita implicitamente o polêmico anúncio que o cantor fez recentemente para a marca de carnes Friboi. Vale lembrar que a música "O Portão" também embalou a campanha publicitária, citando o fato do rei ter voltado a comer carne.
"Não foram só as pessoas simples que votaram em mim. Até você votou em mim, bicho?", questiona o palhaço no início da propaganda. Em seguida, ele aparece caracterizado e cantando. "Eu votei, de novo eu vou votar. Tiririca... Brasília é o seu lugar". Depois, ele pega um pedaço de carne com um garfo e diz: "Que 'bifões' bicho. Com certeza! Tiririca 2222".
Direitos autorais
Em entrevista ao Purepeople, o advogado José Diamantino Alvarez Abelenda, que defende a editora EMI Songs, diz que o candidato à reeleição e seu partido político foram notificados para tirar a propaganda do ar. Como eles não se posicionaram, um processo será aberto contra eles.
"Ninguém nos ninguém procurou para negociar a utilização da música ou dizer que foi um mal entendido. A propaganda continua sendo usada e, por isso, vamos entrar nos próximos dias com uma ação judicial para tirar o vídeo do ar e pedir uma indenização. A adaptação feita para fins eleitorais não foi permitida e os direitos do autor devem ser respeitados", frisa.
Segundo o advogado, a defesa ainda estuda a possibilidade de incluir no processo o fato de Tiririca ter citado um falso apoio político do rei. "O vídeo dá a entender que o Roberto estaria apoiando a candidatura do Tiririca. Vamos ver essa questão com os advogados do cantor, assim juntamos tudo na mesma ação. É muito fácil alguém lançar uma candidatura falando que tem o apoio do Roberto ou de qualquer outra celebridade", diz.
Legislação
Abelenda explica que a legislação permite paródias apenas em ambientes cômicos, sem fins lucrativos e interesses pessoais. "Uma paródia em um comercial de uma marca, por exemplo, deixa de ser paródia e vira alteração da música. O mesmo acontece na propaganda política, onde há um interesse de angariar votos".
O vídeo em questão também está sendo veiculado no YouTube, mas o advogado diz que essa questão é mais simples de resolver. "Nossa editora tem uma boa parceria com o Google. Já tirei alguns vídeos do ar e, se aparecerem mais, vou tirar também. O Google colabora porque não quer ter responsabilidade na violação dos direitos autorais".
O advogado frisa que a notificação e o futuro processo não foram pedidos do Roberto. "Ele está em turnê no exterior e não vamos tomar qualquer passo sem consultar o escritório dele. Essa foi uma iniciativa da editora, por possuir a prerrogativa por cuidar das músicas dele", explica.
Purepeople entrou em contato com a assessoria do partido e do Tiririca, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. A reportagem também procurou a Friboi para saber se ela pretende entrar com um processo por semelhanças com sua campanha publicitária, mas a marca ainda não se posicionou a respeito.
(Por Anderson Dezan)