Desde o anúncio da gravidez de Claudia Raia aos 55 anos, as chances de engravidar naturalmente depois dos 50 e da chegada da menopausa, bem como as possibilidades de tratamento para uma gravidez nesta idade, se tornaram assuntos na internet.
Para esclarecer mais sobre o tema, o médico Matheus Roque, especialista em reprodução humana da Mater Prime, em São Paulo, aponta que há dois pontos fundamentais para se atentar nesse caso. "Quando falamos em maternidade, gostaria de destacar dois pontos: o desejo e sonho pela maternidade não tem uma idade limite e que a realização deste sonho da maternidade sofre com os limites do relógio biológico", diz o especialista.
Dr. Matheus explica que as chances de gravidez natural dependem de que a mulher esteja ovulando e da qualidade deste óvulo. "Quando uma mulher entra na menopausa, os ovários chegaram a um limite com relação ao estoque de óvulos, mas não estão totalmente zerados com relação ao número de óvulos. Assim, em alguns momentos esporádicos, pode ocorrer uma ovulação, que traria a chance de ocorrer a gravidez natural", indica.
Nesse período, é comum que muitas mulheres busquem a reposição hormonal, como foi o caso de Claudia Raia. "Existem diferentes tipos de reposição hormonal e cada uma com suas indicações e efeitos. Dependendo do tipo de reposição hormonal, ela impede que ocorra a ovulação, dificultando uma gestação natural", conta.
"Mas normalmente em mulheres na menopausa, quando indicada a reposição hormonal, ela é indicada para a melhora de sintomas e não existe uma preocupação com a questão da ovulação, uma vez que ela raramente ocorre durante a menopausa", acrescenta.
Dr. Matheus indica: "No caso de toda mulher que está tentando engravidar naturalmente, deve-se avaliar adequadamente o tipo de reposição hormonal a ser realizada para que não interfira no processo de fertilidade. Este é um ponto importante a ser considerado em reposições hormonais tanto nas mulheres quanto nos homens".
Dr. Matheus detalha também que, com o passar do tempo, principalmente após os 35 anos, a quantidade e qualidade dos óvulos diminui de maneira significativa. "Isto é o que chamamos de relógio biológico feminino. Após os 35 anos essa qualidade diminui de maneira progressiva, fazendo com que as chances de gravidez natural e mesmo em tratamentos diminua progressivamente, os riscos de aborto aumentem significativamente, assim como os riscos de doenças genéticas, independente de como esteja a reserva ovariana desta paciente", afirma.
Por isso, quanto maior a idade da mulher, maior a chance e os riscos de que ela não consiga engravidar naturalmente com os próprios óvulos e precise optar pela ovodoação - procedimento escolhido recentemente por Viviane Araújo.
Dessa forma, caso a mulher ainda possua o desejo de engravidar tardiamente, é importante iniciar um acompanhamento com um especialista para que tenha consciência do estado de sua reserva ovariana e do seu momento de saúde, para que a gestação não traga riscos.
"Quanto antes for realizado, melhor, mas não existe uma idade limite para a realização do congelamento de óvulos, indicamos o idealmente", conta o expert em reprodução humana.
De acordo com o médico, o congelamento de óvulos é a única técnica capaz de realizar o que chamamos de 'preservação da fertilidade', onde a mulher congelará uma determinada quantidade de óvulos e a qualidade deles está relacionada à idade em que a mulher fez esse congelamento.
"Por exemplo, uma mulher que congela óvulos aos 35, se aos 38, se aos 40 ela for fazer uma fertilização in vitro, ela tem mais chance com os óvulos de 35 do que com os óvulos de 38 e 40, além do risco de não ter mais óvulos. Se a mulher congelar os óvulos aos 40 anos de idade, ela tem mais chances de precisar de uma fertilização in vitro no futuro, de ter uma gravidez com os próprios óvulos, com esses óvulos congelados do que se tivesse aos 42, 43 anos de idade", exemplifica.
Vale lembrar que cada corpo reage de uma forma diferente e que a tendência é que as mulheres continuem engravidando cada vez mais tarde.
"Até o momento, não existe nenhuma alternativa em todo o mundo para que possamos reverter os efeitos do relógio biológico. Podemos tentar pausar ou congelar este efeito, através do congelamento de óvulos. Esta estratégia congela o potencial reprodutivo da mulher, trazendo maiores chances de gravidez com os próprios óvulos no futuro caso esta mulher precise de um tratamento de FIV - fertilização in vitro", finaliza Roque.