Faz muito tempo que ostentar logomarcas de moda não é tão cool como em 2018. Carregar uma peça grifada com a logo aparente significa, hoje, pertencer a um grupo. É por isso que esse é uma das principais portas de entrada de marcas de luxo tradicionais na vida do público mais jovem. Ávidos pelo pertencimento, os jovens costumam sempre querer fazer parte de uma turma que divida visões de mundo – ou pelo menos o gosto estético – com ele. Assim, além de se sentir inserido socialmente, se sente identificado e representado especialmente através da estética. Basta lembrar da nossa infância e adolescência para conseguir acessar memórias de marcas que eram febre entre determinada turma ou círculo social.
Atualmente, no entanto, são as marcas de luxo, as mais caras do mundo, que andam mesmo fazendo a cabeça de jovens e adultos brasileiros. A cantora Anitta, por exemplo, compareceu ao primeiro turno das eleições vestindo um look total Gucci (cheio de logos) no valor aproximado de R$ 16 mil. Com essa escolha a imagem transmitida pela funkeira é a de uma mulher cool e muito bem-sucedida. Isso funciona perfeitamente, tanto como autoafirmação quando como branding, em uma época em que o sucesso é medido pelas redes sociais.
Grifes como aChanel , por exemplo, que há décadas abusa da logomania não só nas roupas, mas especialmente nos acessórios que elevam o status de qualquer produção simplesmente por serem caros e deixarem isso bem claro. Basta observar as passarelas da última temporada internacional de moda para notar que a antiga estratégia está mais em alta do que nunca. A própria Chanel foi muito além do duplo "C" que consagrou a marca para investir em colares e brincos com letras que escrevem o nome "Chanel", assim como as peças – como as camisas e chapéus -- bordados com a logo da grife.
Outros medalhões da moda como a Gucci (a maior queridinha do momento entre jovens descolados) e a Dior apostaram nos monogramas para estampar peças de roupas (incluindo roupa íntima!) e acessórios para reforçar os respectivos nomes. Grifes novas, como a Off-White, do designer Virgil Abloh, por exemplo, estão entre os hits da logomania, tornando seu nome cada vez mais conhecido.
Além da pura ostentação, claro, a motivação de muitas celebridades em mostrarem logotipos de marcas famosas pode ser comercial, como é o caso deNeymar , patrocinado pela Nike, e Bruna Marquezine , embaixadora da Puma. Mas o fato é que estampas com logos famosas são muito mais que mensagens de luxo, mas passaram a ser moda novamente há algumas temporadas. Na contra-mão da alta-costura e alheias às falsificações, as marcas investem muito mais em um trabalho de branding que, de fato, de obter lucro. E, ainda assim, lucram bastante.
(por Deborah Couto)