"Dá pra imaginar gente comum, gordinha, careca, miope, ganhando um bom dinheiro pra fazer comercial de TV? Pois é, isso acontece cada vez mais": é assim que Lillian Witte Fibe, então âncora do "Jornal da Globo", chama uma reportagem comandada por César Tralli na década de 1990.
A reportagem destaca que agências de publicidade e propaganda apostavam cada vez mais em pessoas fora dos padrões para estrelar comerciais. No entanto, a matéria é extremamente gordofóbica e um verdadeiro case da falta de filtro da televisão nos anos 1990.
A matéria começa com Tralli em um shopping. O jornalista aborda uma mulher: "Você tá vendo aquela gordinha ali? Você acha que ela tem condições de fazer comercial de TV?". Ela devolve: "Tá louco, essa gorda aí fazendo um comercial de TV?".
O texto de César, em seguida, não ameniza a grosseria da entrevistada anterior. "É, mas quem achar isso, caiu do cavalo. A baixinha, loirinha, gordinha, 80 kg e com cara de bolacha, descobriu na própria feiúra a sua fonte de renda. Ela não só fez propaganda de TV, como abriu uma agência, que só contrata gente feia", diz o jornalista.
A reportagem viralizou nas redes sociais em 2020. Na época, usuários do X, antigo Twitter, criticaram o teor da notícia, mas celebraram o avanço nas discussões sobre gordofobia e padrões de beleza, que jamais permitiram que uma matéria com uma abordagem tão violenta fosse veiculada novamente.
"Ainda temos muita coisa para desenvolver, mas já evoluímos muito!", escreveu uma mulher. "Hoje eu tô muito otimista, porque eu olho pra isso e penso que seria impensável passar algo assim na TV hoje. Nossa geração, mesmo fodida da cabeça, empurrou muito o mundo pra frente", destacou uma internauta. "Me pergunto como todo mundo que cresceu nos anos 80 e 90 não é completamente desgraçado das ideias", brincou um "tuiteiro".
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