Aracy Balabanian teve papel fundamental para a carreira de Tais Araújo e foi confundida com a viúva de um ator no enterro dele. Essas são algumas curiosidades que envolveram a vida da artista, que morreu aos 83 anos nesta segunda-feira (7) em decorrência de um câncer no pulmão. A veterana enfrentava a doença desde o final do ano passado e é mais uma grande perda para o mundo artístico em 2023.
A morte da intérprete de personagens marcantes como Cassandra ("Sai de Baixo"), Filomena ("A Próxima Vítima") e Armênia ("Rainha da Sucata") abalou o mundo artístico. Logo no começo a carreira, em 1969, Aracy deu vida a Bianca de "Nino, o Italininho", na extinta TV Tupi, novela protagonizada pelo também já falecido Luis Gustavo.
Segundo o "Jornal do Brasil", a atriz bancou uma consulta com ortopedista para viver a personagem, portadora de deficiência física. "Disse ao (Geraldo) Vietri (autor) que só aceitaria o papel se Bianca não se curasse", recordou a artista, que conseguiu o que queria.
Muita gente pode até achar que Aracy Balabanian era o nome artístico da estrela dos palcos, mas era esse o seu nome completo de batismo. E a filha de armênios precisou ainda enfrentar a revolta do pai, que disse à filha que preferia sua morte do que o ingresso na carreira artística.
Fã incondicional de Sérgio Cardoso (1925-1972) e Jardel Filho (1928-1983), Aracy se abalou com a morte repentina dos dois colegas de elenco. "No enterro de Jardel eu chorava tanto que acharam que eu era uma das viúvas", recordou ao "JB" a respeito do ator vítima de um ataque cardíaco fulminante faltando 20 capítulos para as gravações de "Sol de Verão" chegar ao fim.
Nascida em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a filha de armênios sempre demonstrava a paixão que tinha pelo programa "Vila Sésamo", que a Globo exibiu entre 1972 e 1976. "No Brasil o programa não vingou por dois motivos: além de ser caro, trazia uma contradição básica. Como pedir para as crianças escovarem os dentes depois das refeições se elas não tinham qualquer refeição por dia?", questionou em 1992.
Já na novela "Coração Alado" (1980/1981), sua personagem, a trocadora de ônibus Maria Faz Favor teve o final alterado à pedido da atriz, algo semelhante que ocorreria na década seguinte com uma artista da novela "Mulheres de Areia". A funcionária de uma empresa de coletivos abandonaria a filha assim que desse à luz no último capítulo.
A reação de Aracy ao ler o texto foi a pior possível: ela ficou com trauma e perdeu o sono. A solução foi ligar para a autora Janete Clair (1925-1983) e relatar que Maria Faz Favor seria incapaz disso. A novelista também não segurou as lágrimas e alterou o desfecho da trocadora.
Em setembro de 1990, Aracy caiu ao deixar uma festa e precisou imobilizar o braço. "Para evitar cair 'na chon' (bordão de sua personagem) literalmente, eu me agarrei no corrimão e apoiei o ombro, jogando nele todo o peso do meu corpo. Na hora não senti nada, ao deitar, a dor era horrível", relatou.
"Fui ao ortopedista e ele achou que seria melhor, para evitar problemas para mim no futuro, fazer uma imobilização total agora, ao invés de me deixar com um coletinho mais simples, que possibilitaria à Armênia gesticular à vontade", prosseguiu. Em "Rainha da Sucata", a justificativa para o braço imobilizado foi uma queda no banheiro da inimiga de Maria do Carmo (Regina Duarte).
Ainda sobre a personagem, contou que a dona Armênia agradou em cheio à colônia armênia no Brasil. "Fiquei muito comovida porque recebi uma carta da colônia me agradecendo pelo fato de eu estar divulgando o país e o povo armênio", disse ao jornal "O Dia".
Na carreira, Aracy colecionou cinco prêmios - três deles pela Filomena: o Troféu Imprensa, o da APCA e o Melhores do Ano. Os outros dois, Troféu Mário Lago e Prêmio CinEuphoria, foram pelo conjunto da obra.