Em um relacionamento há pouco mais de dois anos com Priscila Visman, com quem curtiu parada LGBT+ de NY, Bruna Linzmeyer falou sobre a primeira namorada, a cineasta Kitty Féo, e contou que perdeu contratos publicitários por se assumir lésbica. "Sempre ouvi que não ia conseguir pagar minhas contas. Quando me apaixonei de repente, falei: 'Uau, essa pessoa é uma mulher'. Isso não era tão encaixotado na minha cabeça. Sempre beijei a Kitty, que foi minha primeira namorada, em público, na praia, nos eventos em que a gente estava, entre nossos amigos, não-amigos, agia naturalmente. A partir disso começaram alguns questionamentos das pessoas que me amam. Não era uma coisa de: 'Fique dentro do armário, não saia'. E sim de: 'Como será que tá o mundo aí fora? Como isso vai bater na sua vida profissional?'. Minha família não tem dinheiro para me sustentar. Desde meus 15 anos pago minhas contas. Esse foi um cuidado das pessoas que me amavam perante um mundo opressor que a gente vive. (...) Perdi contratos de publicidade, não sei se na televisão. Mas outras coisas chegaram, inclusive contratos de publicidade por causa disso. No cinema", disse à revista digital "A Criatura".
Sem se importar com as críticas que recebe, Bruna contou também que não teve uma referência e representatividade lésbica quando mais nova. "Seu tivesse tido referências e representatividade lésbica na minha infância/adolescência, teria sido lésbica muito antes. Perdi milhões de coisas na minha adolescência porque isso não era uma possibilidade. Se eu puder fazer por uma menina o que uma atriz famosa poderia ter feito por mim, tá show, tá valendo", comentou ela, vítima de ataques homofóbicos nas redes sociais.
A artista falou ainda como reagiu após namoro se tornar público: "Alguém me invadiu na época. Foi uma invasão. Não cheguei no jornal e disse: 'Quero falar, eu sou lésbica'. Foi um susto. Poderia dizer que era mentira. Pensei: 'Não posso dizer é mentira, porque se não pagar minhas contas, vou morrer de câncer. Como é que vou viver escondendo uma coisa que eu sou? Eu sou essa pessoa. E não tem nada de errado com isso'. Pensei: 'Vamos lá, vamos com o coração'. Chegaram mensagens maravilhosas. E muitas lésbicas me param na rua para me abraçar. E meu coração está tranquilo, meu corpo pisando um passo de cada vez. Estou certa, feliz, contente. Acho que é isso que é mais lindo. Sento na praia e beijo minha namorada. Não vou deixar de fazer nada porque alguém acha que isso é um problema. Se você acha que isso é um problema, amor, vai lidar com o seu problema!".
(Por Patrícia Dias)