Após viver por seis anos o professor Afrânio de "Malhação", Charles Paraventi estreia nas novelas bíblicas dando vida ao rei Bera, de Sodoma, casado com a cruel Jaluzi (Beth Goulart), em "Gênesis". "Acho que é o típico vilão clássico porque ao lado dela eles formam uma dupla meio 'Macbeth' (de William Shakespeare). Ele é muito influenciado pela mulher, que é a maquiavélica, a que fica tramando", conta ao Purepeople.
"O Bera leva a vida como um hedonista (termo usado para quem busca como objetivo principal o prazer). E a Jaluzi é o alter-ego de cada um e influencia com isso o marido, que também é o perverso e cai na conversa dela. Por trás de um bom vilão em uma boa vilã", brinca o artista nascido nos EUA. E afasta a ideia que Bera permite tudo na cidade na qual irão morar Ló (Emilio Orciollo Netto) e sua família e que irá presenciar cenas de incesto entre ele e as filhas.
"Não sei se é bem isso, porque existe uma hierarquia. Então, nem tudo deve ter sido permitido", diz Charles. "E eu não governaria sob o mesmo lema do Bera porque gosto de um sistema democrático. O melhor esquema de governar é a boa e velha democracia", completa.
Questionado se buscou alguma inspiração para montar seu soberano de Sodoma, Charles conta que não. "Raramente assisto a algum filme para me ajudar a compor um personagem porque não é a minha técnica. Eu tenho uma técnica meio esquisita, 'pai de santo'. Leio o texto, me imagino nesse universo e é por aí que faço. O personagem, assim, é bolado, criado", explica.
"Tem vezes que um diretor chega e fala 'faz que nem aquele personagem' ou 'vai por essa linha' e a gente se entende. Mas na maioria as vezes faço o meu mesmo", completa. "Mas quando me vi vestido como o Bera falei 'nossa, estou parecido com algum personagem de 'Game Of Thrones'", pondera para, com bom humor, indicar um ponto em comum entre intérprete e rei.
"Minha mulher que manda em casa!", dispara. "Eu gosto de me divertir, claro que não às custas dos outros e o apetite pelo bom vinho", frisa o ator, colega de elenco de mais de 250 nomes como Jéssica Juttel, a Michal.
E Charles aponta também o que mais de diferente encontrou ao atuar em uma novela bíblica. "'Malhação' é muito mais leve, é outro ambiente, tivemos asas para criar mais. O Afrânio era lúdico e se permitia muita coisa bacana. Já com o Bera, como ele existiu e em outra era, em uma época muito violenta, tem um peso muito maior, porque governa um povo à base da insanidade. E está no meio de um conflito com outros reinos", explica.