As mulheres negras sabem a dificuldade que é encontrar uma base que seja no tom exato da pele. Mas essa é apenas a pontinha de um problema estrutural: o padrão de beleza não é democrático e não inclui diferentes tonalidades de pele, principalmente as mais retintas. Por isso, em evento da Avon, mediado por Thelminha Assis e com participação de especialistas, atrizes e influenciadoras negras, temas como maquiagem, diversidade e racismo foram trazidos à tona. O que a beleza tem a ver com isso? Confira!
O evento "Essa é a minha cor", realizado pela Avon, reuniu mulheres com diferentes tonalidades de pele para discutir sobre beleza. Entre elas, a pesquisadora Winnie Bueno contou o quando a beleza negra ainda é invisível. "70% das mulheres não estão satisfeitas com os produtos encontrados no mercado. Além disso, elas desconhecem seu subtom e criam novas cores misturando tons de base".
O mais contraditório, segundo a pesquisadora, é que o Brasil é o país que tem mais pessoas negras fora da África e que o empoderamento estético das mulheres é o resultado de ferramentas que elas criam para que produtos de make e cabelo possam atender suas necessidades. "Beleza negra não é nicho! É preciso potencializar vozes e, mais do que reparar o que se diz, é preciso reparar o que se faz".
Além do bate-papo com a pesquisadora e com Carolina Gomes, porta-voz da Avon, a ex-BBB Thelminha Assis também conversou com as atrizes Cris Vianna e Zezé Motta, a cantora Larissa Luz e as influenciadoras Ana Paula Xongani e Magá Moura. Elas falaram sobre autocuidado, afeto e a importância de transformar os padrões de beleza.
"A partir do momento que a gente se ama, não tem mais volta. Descobrimos potências e forças infinitas para ir além da nossa trajetória", reforçou Magá. Para Ana Paula Xongani, as mudanças já estão acontecendo e a maquiagem pode ser uma ferramenta para fortalecer a autoestima de mulheres negras. "O 'defeito' na nossa cor não foi criado em casa, foi do lado de fora. Por isso, temos que enfrentar e ver se temos espaço. Se não tem, a gente cria", complementou Cris.
Para trazer mais diversidade e mais opções de cores nos produtos de maquiagem, Thelminha também escutou a cientista norte-americana Candice Deleo-Novak, chefe de desenvolvimento de produtos da Avon nos Estados Unidos, e a maquiadora Daniele da Mata, expert em beleza negra.
As duas falaram sobre mais sobre diversidade cromática e novos tons que abarcam a variedade de tons e subtons de peles brasileiras. "É preciso reconhecer nossos traços. Para quem é feita a maquiagem? Quais são essas tonalidades? É melhor o efeito matte ou hidratante? O blush está no tom certo? Temos nude para dizer que é nosso?", provocou a maquiadora.
Para a cientista, o investimento em mudanças e inovação é o que vai garantir mais representatividade e inclusão em um cenário tão padronizado. "Através da nossa pesquisa no Brasil, a gente pode rever a nossa forma de criar produtos e tonalidades", contou Candice. E as mudanças estão só começando!
(Por Marina Couto)