Ana Hikari detona novela fake 'Pé de Chinesa' e acusa famosos de yellowface: 'Racismo recreativo contra pessoas amarelas'
Publicado em 13 de setembro de 2024 20:34
Por Rahabe Barros | Reality show e TV
Carioca, libriana e apaixonada pelo mundo de celebs, memes, música e reality show. Setorista de Bruna Marquezine no site (amo!).
Ana Hikari e mais artistas se manifestam contra 'Pé de Chinesa', novela criada por I.A, nas redes sociais. No ar em "Família É Tudo", a atriz acusou artistas de grande alcance na mídia de começaram a praticar yellowface, dizendo que estavam no elenco da teledramaturgia. Veja o desabafo!
Ana Hikari detona novela fake 'Pé de Chinesa' e acusa famosos de yellowface: 'Racismo recreativo contra pessoas amarelas' Trama fake, 'Pé de Chinesa' virou é assunto nas redes sociais Davi Brito seria o protagonista de Pé de Chinesa, novela fake que caiu nas redes sociais, junto com Jade Picon Ana Hikari e mais artistas se manifestam contra 'Pé de Chinesa', novela criada por I.A, nas redes sociais. Ana Hikari acusou artistas de grande alcance na mídia de começaram a praticar yellowface, dizendo que estavam no elenco da teledramaturgia
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Estrela da novela "Família É Tudo", Ana Hikari e um time de famosas usaram as redes sociais para se manifestarem contra a falsa novela que viralizou nas redes sociais, intitulada "Pé de Chinesa".

No texto, assinado coletivamente por ela, Anna Akisue, Aya Matsusaki, Bruna Tukamoto, Bruna Aiiso, Carlos Chen, Claudia Okuno, Jacqueline Sato e Tati Takiyama, o grupo afirmam que a brincadeira reforça o racismo recreativo contra pessoas amarelas. O texto foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (13).

Leia a íntegra do texto abaixo:
"Por que não estamos rindo de 'Pé de Chinesa'? Adoraríamos rir com vocês, mas não sabemos rir quando uma piada toca profundamente a nossa existência.

Nas últimas semanas, viralizou uma abertura fake, feita por inteligência artificial, de uma suposta novela da Globo, intitulada 'Pé de Chinesa'. E, depois disso, uma trend foi criada, na qual várias pessoas, incluindo artistas de grande alcance na mídia, começaram a praticar yellowface, dizendo que estavam no elenco da teledramaturgia.

Perto do fim do X (antigo Twitter), essa foi a última piada viralizada na plataforma e que, depois, se estendeu para outras redes. E, agora, vamos explicar o porquê desse meme e dessa trend não serem engraçadas e como reforçam o racismo recreativo contra pessoas amarelas (pessoas que descendem do leste e sudeste asiático).

Não é de hoje que se utilizam de nossos corpos, etnias e raça para sermos alívio cômico. A pesquisadora Marcia Yumi Takeuchi reuniu no livro "Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas - Preconceito e Imaginário Social (1897-1945)" diversas charges com textos e imagens que se publicaram ao longo da história do nosso país, criando o imaginário caricato que as pessoas têm sobre os japoneses (e também chineses) que se perpetua até hoje.

Segundo Maria Luiza Tucci Carneiro (1994), "as manifestações racistas podem ser identificadas no nível das ideias, quando estão diretamente ligadas ao inconsciente coletivo, povoando os arquétipos, alimentados por mitos ou representações deturpadas do real que, repetidos constantemente, induzem o indivíduo a elaborar uma interpretação falsa de um momento histórico ou de um grupo."

Ela segue: "Nesse sentido, as imagens se prestam enquanto parte do sistema simbólico, para a legitimação da ordem vigente. Para que a ideologia racista se converta em prática, é necessário que esta encontre condições propícias para circular: a doutrina se converte em discurso acusatório que, reforçado insistentemente, consegue angariar adeptos, vindo a se transformar em fenômeno de massa."

As imagens criadas por essa novela "Pé de Chinesa" trazem diversas camadas que não só reforçam de maneira estereotipada a forma como as pessoas nos enxergam e nos tratam, mas também resgatam problemas históricos e políticos que nossos ancestrais sofreram ao longo da história mundial, e também especificamente brasileira.

A primeira delas é o próprio título: "Pé de Chinesa", uma alusão ao termo Pé de Lótus ou "Lianzu". Historicamente, era uma prática tradicional na China durante a Dinastia Song em meados do século 10, no qual as meninas chinesas tinham seus pés enfaixados de maneira apertada a ponto de quebrarem os ossos dos dedos e dobrando-os sob a planta do pé. Assim, elas teriam os pés bonitos e indicavam que pertenciam a famílias ricas, pois esse era o padrão de beleza da época. O Pé de Lótus significa um passado de muita dor e opressão de gênero para muitas mulheres chinesas.

A partir daí, utilizando-se de um termo e de diversos gatilhos ancestrais, começam a se destacar outros tipos de problemáticas. Mesmo no vídeo de abertura, que muitos justificaram dizendo que era uma sátira às ações antigas da TV Globo, como uma forma de criticar as novelas reais "Sol Nascente" e "Negócios da China", por exemplo, a vinheta de "Pé de Chinesa" comete os mesmos problemas.

Como preconceitos linguísticos e yellowface (quando uma pessoa não-amarela interpreta uma personagem do leste ou sudeste asiático). E, logo em seguida, de uma maneira viral, as pessoas também aproveitaram o embalo e repetiram essas práticas. Vamos esmiuçar e exemplificar o que estamos falando.

Ela segue: "Nesse sentido, as imagens se prestam enquanto parte do sistema simbólico, para a legitimação da ordem vigente. Para que a ideologia racista se converta em prática, é necessário que esta encontre condições propícias para circular: a doutrina se converte em discurso acusatório que, reforçado insistentemente, consegue angariar adeptos, vindo a se transformar em fenômeno de massa."

As imagens criadas por essa novela "Pé de Chinesa" trazem diversas camadas que não só reforçam de maneira estereotipada a forma como as pessoas nos enxergam e nos tratam, mas também resgatam problemas históricos e políticos que nossos ancestrais sofreram ao longo da história mundial, e também especificamente brasileira.

A primeira delas é o próprio título: "Pé de Chinesa", uma alusão ao termo Pé de Lótus ou "Lianzu". Historicamente, era uma prática tradicional na China durante a Dinastia Song em meados do século 10, no qual as meninas chinesas tinham seus pés enfaixados de maneira apertada a ponto de quebrarem os ossos dos dedos e dobrando-os sob a planta do pé. Assim, elas teriam os pés bonitos e indicavam que pertenciam a famílias ricas, pois esse era o padrão de beleza da época. O Pé de Lótus significa um passado de muita dor e opressão de gênero para muitas mulheres chinesas.

A partir daí, utilizando-se de um termo e de diversos gatilhos ancestrais, começam a se destacar outros tipos de problemáticas. Mesmo no vídeo de abertura, que muitos justificaram dizendo que era uma sátira às ações antigas da TV Globo, como uma forma de criticar as novelas reais "Sol Nascente" e "Negócios da China", por exemplo, a vinheta de "Pé de Chinesa" comete os mesmos problemas.

Como preconceitos linguísticos e yellowface (quando uma pessoa não-amarela interpreta uma personagem do leste ou sudeste asiático). E, logo em seguida, de uma maneira viral, as pessoas também aproveitaram o embalo e repetiram essas práticas. Vamos esmiuçar e exemplificar o que estamos falando.

A escritora Bell Hooks, em Olhares Negros - Raça e Representação, afirma que 'as imagens desempenham um papel crucial na definição e no controle do poder político e social a que têm acesso indivíduos e grupos sociais marginalizados. A natureza profundamente ideológica das imagens determina não só como outras pessoas pensam a nosso respeito, mas como nós pensamos a nosso respeito.'

Tanto bell hooks como Adilson Moreira, são pessoas negras, de muita credibilidade acadêmica e de uma vasta pesquisa sobre raça e ativismo antirracista, ambos em seus livros falam sobre questões de pessoas pretas mas, mesmo assim, enfatizam as vivências de outras minorias raciais, e pessoas asiáticas sempre são citadas em suas obras. Uma referência de Moreira, por exemplo, é o sociólogo Michael Omi que, junto a Howard Winant, propôs o conceito de projeto racial.

'Para esses autores, o racismo é uma ideologia e uma prática que está em constante transformação, razão pela qual ele pode assumir diferentes formas em diferentes momentos históricos. Observamos em todas as suas manifestações como diferenças de status cultural e status material se reforçam mutuamente na reprodução da marginalização de minorias raciais', reforça Moreira, destacando assim, que o racismo recreativo é uma prática que a branquitude descobriu para não se responsabilizar sobre o ato cometido, muito menos ser penalizado por isso.

Não é engraçado quando o racismo recreativo toma uma proporção dessa, quando pessoas racializadas ou uma cultura se tornam piadas, memes e viralizam dessa forma. Se depois de todas essas explicações, você ainda estiver rindo, tenho uma notícia pra você: Você está sendo racista.

Assinam esse texto:

Tati Takiyama
Ana Hikari
Bruna Tukamoto
Bruna Aiiso
Jacqueline Sato
Aya Matsusaki
Anna Akisue
Claudia Okuno
Carlos Chen"

Sobre
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Palavras-chave
Famosos brasileiros Polêmica Redes sociais Novelas
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