O ácido hialurônico é uma tendência no mercado de beleza por sua versatilidade. A substância, vale explicar, é naturalmente produzida pelo nosso corpo, mas com o passar dos anos, o ritmo dessa produção diminui proporcionalmente.
"O ácido hialurônico é uma substância produzida naturalmente pelo nosso organismo que, na pele, é responsável por preencher os espaços entre as células, conferir hidratação, estimular as células produtoras de colágeno e atuar na proliferação, regeneração e reparação do tecido cutâneo", explica a dermatologista Dra. Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, sobre um dos ácidos que pode fazer parte do skincare de verão.
Diante do crescimento de procedimentos de harmonização facial, o ácido hialurônico ficou conhecido principalmente pela sua poderosa ação preenchedora. O ativo, no entanto, também pode ser usado para melhorar a hidratação da pele e até mesmo para estimular a produção natural de ácido hialurônico.
Para entender melhor os diferentes usos dessa molécula poderosa, o Purepeople explica as principais diferenças de cada um desses procedimentos com um time de especialistas.
O uso do ácido hialurônico como preenchedor é provavelmente a finalidade mais conhecida dele. "O ácido hialurônico é a substância mais segura entre os preenchedores injetáveis justamente por ser naturalmente produzida pelo organismo. Para esse fim, o ácido hialurônico passa por um processo conhecido como cross-link, que o torna mais resistente à ação de enzimas naturais de nosso organismo", diz a cirurgiã-plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
"Com isso, o produto tem sua absorção dificultada e permanece mais tempo no local aplicado, conferindo volume e sustentação ao rosto", acrescenta. Nessa função, ele pode conferir volume aos compartimentos de gordura que perderam seu conteúdo com o tempo, melhorar o contorno e a harmonia facial, preencher pequenas rugas, como o bigode chinês, aumentar o tamanho dos lábios e reduzir olheiras e bolsas.
A médica ainda pontua sobre a duração do tratamento: "O resultado do procedimento é imediato, mas não é permanente, pois a substância, apesar de passar pelo processo de cross-link, acaba sendo absorvida pelo organismo após cerca de 12 a 18 meses do procedimento".
O skinbooster é outra aplicação bastante popular do ácido hialurônico, mas com finalidade diferente. "Nele, aplicamos um ácido hialurônico com uma densidade bem menor em diversos pontos logo abaixo da pele, com uma pequena distância entre eles, menor do que um centímetro. Como resultado, o ácido hialurônico promove a reestruturação da derme e atrai água para o tecido cutâneo, o que resulta numa poderosa melhora da hidratação e viço da pele, que também se torna um pouco mais firme", afirma o cirurgião-plástico Dr. Mário Farinazzo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O médico afirma que esse procedimento é indicado para pessoas que têm flacidez, pele mais fina e mais envelhecida, com sinais de 'craquelamento' fino e ruguinhas. "Além do rosto, também podemos aplicar o skinbooster em locais como colo, pescoço e mãos", lista.
"Os resultados, por sua vez, surgem após alguns dias, período no qual é preciso reforçar a hidratação, já que o ácido hialurônico vai requerer água do organismo para conquistar o efeito desejado. Mas a ação da substância não é permanente, durando em torno de seis a oito meses, uma vez que o ácido hialurônico utilizado é menos denso", completa o especialista.
Mais recente do que as outras aplicações, a bioremodelação com ácido hialurônico, conhecida como Porfhilo, também utiliza a substância de uma maneira diferente, não promovendo preenchimento, mas estimulando a produção natural de ácido hialurônico pelo organismo, além de também aumentar a síntese de colágeno e elastina, responsáveis pela sustentação e elasticidade da pele.
"A bioremodelação é realizada com uma molécula exclusiva e patenteada que combina ácido hialurônico de baixo e alto peso molecular. Quando injetada na pele, geralmente em cinco pontos diferentes da face, essa molécula se espalha rapidamente por todas as camadas, desde a epiderme até a hipoderme, para fazer com que as células atuem com maior eficiência na produção dos componentes da matriz extracelular do tecido cutâneo", destaca a Dra. Patrícia Mafra.
O resultado é a bioremodelação e regeneração dos tecidos, com efeito lifting e melhora da hidratação, sinais da idade e qualidade da pele, que se torna mais firme, elástica e jovem. "O efeito, que é muito natural, já pode ser visto alguns dias após a aplicação, sendo que, logo após a sessão, surge um inchaço no local onde o produto é aplicado que dura alguns dias, até que o produto se espalhe completamente na pele", explica a médica.
"O resultado continua a melhorar nas semanas que procedem o tratamento, pois a produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico é estimulada gradualmente. Mas, assim como as outras aplicações injetáveis do ácido hialurônico, os efeitos do procedimento não são permanentes, durando de seis a nove meses", ressalta a dermatologista.
Rápidos e minimamente invasivos, os três procedimentos, apesar das diferenças no ácido hialurônico utilizado e nas indicações, possuem um período de recuperação similar, com downtime mínimo para não atrapalhar a rotina do paciente, sendo necessário apenas evitar a exposição solar sem proteção.
"Os procedimentos também são extremamente seguros, mas podem surgir efeitos colaterais comuns à aplicação de qualquer substância injetável, como pequenos hematomas que tendem a desaparecer após alguns dias", explica a Dra. Patrícia Mafra.
Vale ressaltar, finalmente que, antes de se submeter aos procedimentos injetáveis, você precisa se certificar de que o tratamento será realizado por um profissional especializado, já que muitas pessoas que dizem realizar esses procedimentos não são nem mesmo qualificadas, principalmente aquelas que prometem resultados por um preço muito abaixo do mercado.
"O ideal é verificar se o profissional que realizará a aplicação é realmente qualificado, devendo ser médico dermatologista ou cirurgião plástico, já que a falta de conhecimento da anatomia facial é a principal causa de complicações relacionadas aos injetáveis", explica a Dra. Beatriz Lassance.