Numa história de amor que perpassa o tempo, as vidas e as mortes, os apaixonados contam com uma ajudinha especial de Ariel, um anjo disfarçado de cocheiro, na primeira fase da novela "Além do Tempo". Já no primeiro capítulo da trama de Elizabeth Jhin, ele se prontificou a levar a mocinha Lívia (Alinne Moraes) para o convento e os dois acabaram sendo salvos pelo Conde Felipe (Rafael Cardoso), com quem a jovem vai viver um amor proibido na trama. Em conversa com o Purepeople, Michel Melamed, intérprete do anjo, fala de sua espiritualidade e conta que teve de parar de tomar café por causa do personagem.
A espiritualidade é um elemento constante na obra de Elizabeth Jhin e na novela novela das seis não é diferente. Nos primeiros 70 capítulos do folhetim, a história se passa no século XIX e depois dá um salto de 150 anos. Fundamentada em preceitos da cabala e da reencarnação, a trama mostrará os personagens em uma nova vida, em que a lei do retorno de suas ações pregressas os coloca diante de novos desafios, antigos sentimentos e uma segunda chance.
'Que os anjos, os deuses, os espíritos e os exúus... Todos me abençoem'
Em relação à sua própria espiritualidade, Melamed afirma que pede ajuda a praticamente todos os santos: "Que os anjos, os deuses, os espíritos, e os exúus... Todos me abençoem para responder a essa pergunta e para fazer o trabalho". Muito bem-humorado, ele explica suas quatro autodefinições em relação à religiosidade.
"Eu sou judeu, sou ateu, sou agnóstico e eu sou macumbeiro. Sou mesmo. Judeu porque eu nasci de pai e mãe judeus, fiz bar mitzvah, etc. Ateu porque, se eu parar para pensar, não acredito, infelizmente. Agnóstico porque eu acreditaria se me provassem. E macumbeiro porque eventualmente frequento templos de umbanda ou de outras religiões afro-brasileiras que me interessam. (...) Apesar de não acreditar, tem o 'pero que las hay', aquela coisa de 'eu não acredito, mas existe'. Eu rezo, eu agradeço, me sinto em contato com coisas que eu não sei dar nome... Então eu tenho uma espiritualidade latente", conta.
Sobre a questão filosófica que é o sexo dos anjos e o desafio de encarnar um, Michel não perde a piada: "Eu parei de fazer sexo para viver o personagem (risos)", brinca o ator, que namora a também atriz Bruna Linzmeyer. Mas depois admite: "É... Não parei, não (risos). Retomei filmes, pesquisas sobre anjos em geral. Curiosamente, não só sobre os anjos, porque nesse primeiro momento ele é anjo e está travestido de cocheiro. E aí, pesquisando, descobri que o cocheiro tem representação em muitas histórias. O próprio Krishna era cocheiro. Tem no Édipo uma passagem muito forte com um cocheiro. Enfim, são dois personagens: o cocheiro e um anjo. Tem muito material para ver".
Ariel X Café
O personagem também está desafiando Michel a abrir mão de uma de suas paixões. "Ele me obrigou a parar de tomar café. Porque eu descobri através do Ariel que eu sou, ou era, ou fui durante muitos anos um cafeinômano. Amo café ele faz bem para um monte de atividades que eu faço, tais como: ser apresentador, escrever, trabalhar em teatro... Então o café é ótimo. Mas, para o Ariel, a cafeína o coloca num lugar que não é o dele. O Ariel tem que estar muito mais doce, sereno e tranquilo", afirma o artista, que garante: "Não estou tendo crises de abstinência, porque em dias em que não gravo, eu bebo tanto que brilho café! (risos)".
O início das gravações de "Além do Tempo" coincidiu com a finalização de "Dois Irmãos", minissérie em que Melamed também atua. A disparidade dos dois personagens também foi um desafio para o ator. "Na série, o meu personagem tem uma sintonia, uma chave que é de um cafeinômano também. É um personagem muito para cima e para fora. Então, para mim, foi uma curva grande sair de um trabalho com uma preparação longa, de muitos meses, com um personagem que é muito high, tomando café, e de repente ir para um outro e descobrir que a energia é num outro lugar", comenta.
Multiperformático, Michel Melamed, além de ator, é diretor, apresentador, poeta e músico. Com uma consistente carreira no teatro e trabalhos primorosos na TV, como "Capitu", "O que querem as mulheres?" e "A Teia", só para citar alguns, ele se empolga com sua primeira novela: "É a primeira vez que me chamam para fazer um personagem numa obra aberta; eu leio, pesquiso, estudo... Estou envolvido. Tem a perspectiva de início, meio e fim. E tem uma periodicidade nas gravações", comemora.
Saiba mais sobre Ariel e todos os personagens de "Além do Tempo" no nosso quem é quem.
(Por Samyta Nunes)