Tudo que é novo traz um certo estranhamento e com "Além do Horizonte" - que é um prato cheio de novidades -, não poderia ser diferente. Se o objetivo era surpreender, o primeiro capítulo da novela das sete da Globo o cumpriu, ainda que tenha apresentado algumas fórmulas que imediatamente foram associadas pelo público a outras obras, como o seriado "Lost", por exemplo. Com um elenco jovem e vários estreantes na equipe, essa história de mistério e aventura começa já deixando muitas interrogações na cabeça do telespectador.
Ficou claro que a busca pela felicidade através de um caminho concreto em vez de alguma fantasia é o mote de toda a trama que vai se desenrolar. Até porque essa frase e algumas variações da mesma foram repetidas em diferentes cenas deste primeiro capítulo. Mesmo assim isso não evitou que a coisa toda ficasse um pouco além do entendimento. Mas claro, é preciso manter o mistério.
As inovações vão desde o próprio gênero da novela até as escolhas da direção, com takes que fogem do lugar comum. Ponto para o frescor que vem com as novas escolhas, porém ,o texto se mostrou um pouco clichê e explicativo demais em alguns momentos. Juliana Paiva tem carisma suficiente para segurar uma protagonista do horário das sete e já dá sinais de que vai corresponder às expectavas; enquanto que Thiago Rodrigues não apresentou nada de novo nestas primeiras cenas, ainda que o perfil do personagem pareça cair como uma luva nele.
Na pele de Edu Dente de Ouro, Daniel Ribeiro promete ser um dos pontos fortes do elenco da novela. Sua cena com o pequeno e encantador JP Rufino (Nilson) foi uma das melhores (senão a melhor) do capítulo. Outra que foi muito boa foi a apresentação de Kléber (Marcello Novaes), o vilão do folhetim. Junto com a trilha, a cena proporcionou uma mudança do clima "Lost" para algo que lembra os filmes de faroeste.
A sequência em que um homem é perseguido pela "besta" executou bem a tarefa de estabelecer o suspense e mistério (embora o mérito maior tenha ficado por conta da trilha sonora), mas a maquiagem usada para deixar a marca da tal besta no rosto do ator deixou a desejar, pois o sujeito tinha os grandes arranhões deixados pela garra do bicho, mas nenhum sangue. Faltou verossimilhança e esse foi um dos muitos tópicos comentados pelos internautas nas redes sociais durante a exibição do capítulo. Por outro lado, A cidade de Tapiré - toda levantada no Projac -, é de impressionar por trazer realismo ao se aproximar bastante de uma verdadeira cidade ribeirinha alagada.
Parte de elenco ainda não foi apresentada e alguns nomes importantes, como Mariana Rios e Alexandre Nero, tiveram pouco espaço. É compreensível que em um único capítulo seja inviável dar voz a todos os atores, mas um sapo teve mais tempo de cena que alguns personagens, já que teve dois takes só para ele além da cena em que Lili (Juliana Paiva) grita de medo do anfíbio no meio de sua festa de noivado.
Contudo, ainda é cedo para saber se a novidade será ou não bem-sucedida. O clima de mistério e aventura está no ar e, para dizer o mínimo, a isca da curiosidade conseguiu prender a atenção na trama. Agora é seguir nesse caminho para descobrir as muitas surpresas que ainda estão por vir em "Além do Horizonte".
(Por Samyta Nunes)