Entrevista | Reddy Allor, drag queen do sertanejo, expõe rejeição e preconceito nos bastidores e adianta detalhes de novo álbum
Publicado em 2 de julho de 2024 às 17:38
Por Matheus Queiroz | Notícias dos famosos, TV e reality show
Jornalista por vocação, apaixonado por música, colecionador de CDs e neto perdido de Rita Lee.
Reddy Allor conversou com o Purepeople sobre a carreira, os bastidores do sertanejo e a nova era. Confira!
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Desde o final da década passada, a indústria musical assiste atenta à ascensão de um subgênero do sertanejo encabeçado por pessoas LGBTQIAPN+ que, cansadas da heteronormatividade e do conservadorismo do mainstream, fundaram um movimento para cantar as vivências da comunidade sem abandonar o amor pela música caipira. Esta cena recebeu o nome de Queernejo e um dos principais destaques é a drag queen Reddy Allor.

Muito antes de assumir a persona Reddy, o paulista Guilherme Bernardes Duarte já cantava sertanejo. Na adolescência, fundou uma dupla ao lado do irmão, Gabriel, que hoje segue carreira solo como Gah Bernardes. Mesmo com o crescente sucesso do trabalho, a artista enfrentava situações desconfortáveis nos bastidores, o que a afastou aos poucos da cena.

"Eu sempre amei cantar, ser artista e dividir momentos de evolução com o meu irmão, o palco pra mim é mágico. Nos bastidores, era sempre um lugar que não me cabia, não me identificava com as pessoas, com os assuntos e me sentia excluído justamente por não ter conexão com aquelas vivências. Depois que eu disse abertamente sobre minha sexualidade ficou pior, sempre ouvindo piadas desnecessárias e comentários sobre meu jeito, roupas e qualquer coisa que não fosse heteronormativo", desabafa.

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A Reddy surge no contexto do sucesso meteórico de drag queens popstars no Brasil. Ela se torna sucesso entre o público LGBTQIAPN+ em 2022, quando foi uma das vencedores do reality show "Queen Stars Brasil", exibido pela Max e apresentado por Pabllo Vittar, uma das suas grandes inspirações.

Com a proposta de mesclar a música sertaneja com elementos do pop, dois gêneros de públicos consideravelmente opostos, Reddy revela que existe uma resistência de ambos os lados e diz que driblar este cenário requer "muita resiliência e determinação".

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"De todo modo, com o público do pop, ainda é mais fácil gerar essa identificação pelo conceito que o meu trabalho carrega. Já o sertanejo, é extremamente conservador e não dá abertura pra uma drag, independente de cantar sertanejo ou não. Ser LGBTQ+ faz com que essa estrutura machista historicamente me afaste. Mas isso não gera desistência da minha parte, pelo contrário, me dá mais força pra querer ocupar esse lugar e mostrar que é, sim, possível quebrar essas barreiras", reflete.

A mesma resistência, aliás, Reddy também encontra na hora de firmar parceria com artistas do mainstream sertanejo. Ela lamenta que, recentemente, não tenha conseguido respostas positivas em algumas propostas de "feats" que enviou.

"Não me apoio nos nãos que recebo, na verdade, eu até entendo o peso que isso pode ter dentro de uma estrutura tão feita como o sertanejo e respeito os processos de cada um, mesmo sendo inevitável ficar triste", admitiu a cantora, que já firmou parcerias de sucesso com Luiza Martins e Diego Martins, com que ela dividiu o pódio do "Queen Stars Brasil".

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Apesar das decepções no meio, é em uma cantora que recebeu o título de rainha que Reddy encontra uma de suas maiores inspirações. Em 2019, Marília Mendonça não apenas conheceu o trabalho da artista, como compartilhou e enalteceu a proposta de uma drag queen sertaneja.

"Sempre a tive muito presente em mim e acredito que o meu trabalho seja parte da evolução do que ela deixou", diz Reddy. "[A morte de Marília] ainda é um tópico sensível pra mim, mas manter o legado dela vivo é também parte do meu legado", completou.

REDDY ALLOR SE PREPARA PARA LANÇAR ÁLBUM COM GABEU

Aposta da gravadora Som Livre, Reddy lançou, no último dia 13, o single "Cavalo de Troia". A faixa marca a parceria com Gabeu, considerado o pioneiro do Queernejo, e antecipa o álbum colaborativo dos dois. O trabalho deve ser lançado em agosto em todas as plataformas digitais.

"É um álbum que conta uma história, tanto sonoramente quanto visualmente; com uma parte referenciando nossa vivência enquanto pessoas LGBTQ+ no sertanejo e outra que mistura as referências que construímos ao longo da nossa trajetória até hoje", antecipa Reddy.

Para a próxima era, Reddy prepara uma identidade visual que mescla referências mediavais e futuristas com elementos da country. Apesar do conceito bem definido para o álbum, ela prefere não limitar as inspirações quando o assunto é estilo.

"Eu amo me jogar e criar universos e possibilidades através da minha arte. Os looks pra mim são fundamentais e sempre conversam diretamente com o que quero dizer. Eu não costumo me classificar em um único estilo porque minha arte também é sobre novas experiências e sentimentos", explicou.

Com a explícita missão de se tornar uma artista popular, Reddy antecipa que projetos na televisão e no streaming não estão descartados: "Acredito que estar na televisão é parte fundamental do que almejo pra minha carreira. Com certeza, tenho muito interesse em aparecer cada vez mais em lugares como esses. Tem algumas coisas rolando que ainda não posso dizer, mas também estou aberta a possibilidades na TV".

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