Nos últimos dias, muito tem se falado sobre a cirurgia de feminilização vocal de Maya Massafera , especialmente após a influenciadora fazer um desabafo sobre o assunto. A famosa, que tem recusado publicidades por não estar 100% satisfeita com sua voz, passou por um verdadeiro drama quando ficou parcialmente cega após o procedimento.
Em suas redes sociais, Maya ressaltou que pode ter que refazer o procedimento por ter aberto um dos pontos de sua cirurgia. Isso acabou afetando sua cicatrização e, consequentemente, o resultado de sua voz, que ainda não está 'pronta'.
Para esclarecer tudo sobre o assunto, o Purepeople recebeu informações da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), de caráter público, responsável por administrar 42 hospitais universitários em todo o país, sendo a unidade de Salvador referência em cirurgias de feminilização vocal.
De acordo com informações da Ebserh, a glotoplastia, nome da cirurgia que faz a redesignação da voz, a deixando mais aguda, pode ser feita gratuitamente pelo SUS, como um divisor de águas na vida e autoestima de mulheres transexuais.
A otorrinolaringologista Erica Campos, do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia, vinculada à Ebserh, a glotoplastia tem sido a principal opção para mulheres trans por ser minimamente invasiva e não deixar cicatrizes externas, uma vez que é feita por dentro da boca.
"Esse procedimento traz um sentimento de pertencimento às mulheres. Muitas vezes elas, sejam cis ou trans, passam por essa disforia vocal, que é um processo de intimidação de falar em público por não se sentir confortável com a voz", ressalta a médica.
Antes de passar pela cirurgia de feminilização vocal, a paciente deve fazer exames básicos e a fonoterapia: "Na mulher trans, a glotoplastia diminui a prega vocal com suturas, resultando na voz mais aguda. Não há cicatriz, já que a cirurgia é feita por dentro da boca".
O pós-cirúrgico envolve alguns cuidados especiais, como o silêncio de, em média, 15 dias: "É preciso permanecer de 7 a 10 dias em silêncio absoluto. Por isso, oriento ao menos 30 dias de afastamento em casos de grandes compromissos vocais, como professores e palestrantes, por exemplo", explica.
Outro fator que incomoda mulheres transexuais é o pomo de Adão. Segundo a otorrinolaringologista, ele pode ser retirado no mesmo dia da cirurgia de glotoplastia: "É uma questão estética, pois a retirada não interfere na voz", finalizou.