Nesta sexta-feira (15), Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso celebraram, através de suas redes sociais, a decisão da Justiça portuguesa que condenou Adélia Barros, de 59 anos, pelo crime de racismo. A condenação refere-se a um episódio ocorrido em 30 de julho de 2022, quando os filhos do casal, Titi e Bless, na época com 9 e 7 anos, respectivamente, foram vítimas de ofensas racistas em um restaurante na Costa da Caparica, Portugal.
Segundo o jornal Público, Adélia Barros foi condenada a oito meses de prisão, pena que será cumprida em liberdade sob a condição de não reincidência nos próximos quatro anos. Além disso, a mulher deverá pagar uma indenização de 14 mil euros (cerca de R$ 86,5 mil) às crianças e uma multa de 2.500 euros (aproximadamente R$ 15 mil) à associação SOS Racismo. O tribunal determinou também que a condenada se submeta a tratamento para alcoolismo, justificativa apresentada por sua defesa durante o julgamento.
O casal de atores brasileiros, que se manifestou no Instagram, celebrou a decisão, destacando seu simbolismo na luta contra o racismo. "Há quase três meses a gente celebrava uma vitória contra o racismo no Brasil. E, hoje, direto de Salvador, neste mês que nos pede consciência para que lembremos da herança escravocrata que herdamos, a gente volta para propagar mais uma vitória contra o racismo, desta vez em Portugal", escreveram.
Eles também ressaltaram o impacto de seu privilégio na obtenção de justiça: "Sabemos que essa vitória acontece por termos visibilidade e por sermos brancos. Sabemos que somos mais ouvidos que quaisquer mãe ou pai negros que ainda são silenciados. Sabemos. E não podemos parar – principalmente se o nosso privilégio fizer diferença numa luta. É esse o nosso papel, é esse o papel da branquitude".
O episódio ocorreu em 2022 durante uma viagem de férias da família. Uma mulher branca, identificada como Adélia Barros, proferiu ofensas racistas contra Titi e Bless, além de insultar uma família de turistas angolanos que estava no local. Entre as palavras ditas, estavam "pretos imundos" e pedidos para que deixassem o restaurante e "voltassem para a África".
Conforme relatado pela assessoria do casal ao g1, Giovanna reagiu imediatamente às ofensas, discutindo com a mulher. Enquanto isso, Bruno acionou a polícia, que conduziu a agressora detida. Durante a abordagem, Adélia também cometeu injúrias contra os agentes da Guarda Nacional Republicana.
Em sua publicação, Giovanna e Bruno lembraram o ocorrido: "Como todos sabem, no dia 30 de julho de 2022 nossos filhos e uma família de turistas angolanos foram vítimas de racismo quando estávamos de férias da Costa da Caparica. Sim, o racismo não dá férias, mas hoje parece dar uma trégua com mais uma condenação histórica."
Eles destacaram o caráter inédito da decisão: "Esta é a primeira vez que a lei portuguesa condena uma pessoa em consequência do racismo. A mulher que agrediu nossos filhos – que são crianças – foi condenada a oito meses de prisão. Logo, estamos muito confiantes na Justiça Portuguesa e somos também gratos aos nossos advogados portugueses Rui Patrício e Catarina Mourão que sempre nos fizeram acreditar que a justiça seria feita."
O casal finalizou a mensagem com um apelo à continuidade da luta antirracista: "Mais uma vez estamos emocionados. Mais uma vez agradecemos a comoção pública e a imprensa brasileira e a de nossos amigos portugueses. E mais uma vez devemos dizer que precisamos seguir vigilantes, pois o racismo segue diminuindo, ferindo, matando. E não podemos esmorecer diante dele".