O contraventor Rogério Andrade foi preso nesta terça-feira (29), após uma nova denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O bicheiro, um dos destaques da série documental "Vale o Escrito", do Globoplay, é apontado como o mandante do assassinato de Fernando Iggnácio, em 2020.
A rivalidade da dupla começa em 1998. Vale destacar que Rogério e Fernando são parentes: eles são, respectivamente, sobrinho e genro de Castor de Andrade, o bicheiro mais poderoso da primeira geração.
Em 1997, Castor morreu vítima de um infarto aos 71 anos. Rogério já era um dos principais aliados do tio, mas o primo, Paulo Andrade, filho do bicheiro, foi eleito o sucessor.
No ano seguinte, Paulo foi assassinado. Com isso, Rogério e Iggnácio passaram a disputar poder nos pontos de jogo do bicho e nas máquinas caça-níquel. O autor dos disparos que matou o herdeiro, o ex-PM Jadir Simeone Duarte, acusou o sobrinho de Castor de ser o mandante do crime.
Durante 22 anos, Rogério e Iggnácio tiveram uma disputa sangrenta que fez dezenas de vítimas. Segundo investigação da Polícia Federal, só de 1999 a 2007, 50 pessoas morreram em decorrência da briga.
Em 2001, Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato, frustrada pela falha na arma do atirador. Nove anos depois, aconteceu um crime que chocou o Rio de Janeiro; mais um associado à disputa com Fernando.
Rogério estava no carro com o filho, de apenas 17 anos, quando uma bomba alocada no banco do motorista explodiu e matou o adolescente. O objetivo era um atentado contra o bicheiro, que era dono do veículo, mas quem o conduzia no momento da explosão era o menor. Apesar de ter sobrevivido, ele passou por uma cirurgia de reconstrução da face.
No dia 10 de novembro de 2020, Fernando retornava de Angra dos Reis de helicóptero. Ele desembarcou e, enquanto caminhava em direção a seu carro no estacionamento do heliponto, foi surpreendido por um homem encapuzado munido de um fuzil. O contraventor levou vários tiros na cabeça e morreu no local. O crime aconteceu no bairro Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Fernando já estava sob ameaça antes de morrer. Cinco meses antes do crime, integrantes de um grupo de matadores de aluguel pesquisaram na internet a compra de uma metralhadora para assassiná-lo, segundo investigações da Polícia Civil. Eles foram presos.
Em 2021, Rogério foi denunciado pelo crime, mas no ano seguinte, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) alegou que não havia provas suficientes para afirmar que o contraventor era o mandante. Com isso, a ação penal foi trancada.
Rogério foi preso em casa, na Barra da Tijuca, por volta das 6h30 desta terça-feira (29). Ele deve ser transferido em breve para um presídio federal de segurança máxima.