Brasileiros que aproveitam o início de ano passando férias no Uruguai devem ter se espantado no último dia 13 ao assistir ao canal Teledoce. Nesta data, a emissora estreou "Salve Jorge" (traduzida no país como "La Guerrera", ou seja, "A Guerreira") e compactou um mês da novela escrita por Gloria Perez em apenas um capítulo.
O desfecho da estreia ocorreu com o embarque da protagonista Morena (Nanda Costa) para a Turquia com a vilã Wanda (Totia Meireles). Para efeito de comparação, no Brasil, isso só aconteceu entre os capítulos 37 e 38.
Procurada por Purepeople, Gloria Perez minimiza o ocorrido. "Isso é padrão. Todas as novelas exportadas são drasticamente reduzidas porque o número de capítulos deve ser menor e o tempo de exibição também. Nenhuma novela nossa é vista no exterior do modo que passa aqui", explica.
No Uruguai, "Salve Jorge" terá cerca de 140 capítulos, ou seja, 39 a menos que a versão brasileira. Na estreia, núcleos como o da Turquia e algumas tramas, como as de Bianca (Cleo Pires) e Zyah (Domingos Montagner), foram praticamente eliminadas no capítulo de 1 hora, com intervalos.
Para Gloria, os cortes não prejudicam a compreensão da novela. "Eles sempre são feitos privilegiando a história central, e a história central é o tráfico de mulheres, não é a Turquia. As trama paralelas dançam. É de praxe", diz.
Reclamações
De praxe, ou não, fato é que no site da emissora alguns telespectadores reclamaram do corte. Alguns uruguaios fãs dos folhetins brasileiros descobriram que muita coisa foi eliminada e mostraram-se insatisfeitos.
"Cortaram todo o conteúdo da novela. Para que compram uma novela com esse conteúdo para isso? Uma vergonha", reclamou uma telespectadora. "Os uruguaios deixaram de ver como a Morena conheceu o Téo e o que a motivou viajar para a Turquia", escreveu outra.
Os uruguaios também reclamam do horário de "La Guerrera". Exibida de segunda a sexta-feira, às 19h, ela ficou no lugar de "Cheias de Charme". Para os telespectadores, a temática do tráfico de mulheres é inapropriada para o horário. "A história é linda, mas não dá para sentar com os filhos para assistir", resumiu uma uruguaia.
(Por Anderson Dezan)