Sou crítico de cinema e garanto: esse dorama tocante e sensível é o melhor de todos os tempos - e me fez chorar como nenhum outro
Publicado em 7 de abril de 2025 às 17:19
Por Hernane Freitas | Colaborador TV e celebs
Amante do universo pop e das celebridades em geral. Não vivo sem música e amo escrever sobre astrologia. Entrevistar famosos é comigo mesmo!
Quem assistiu 'Se a Vida Te Der Tangerinas...' jamais se esquecerá do quão bela foi construída a história de Ae-sun e Gwan-sik através de uma vida simples e dolorosa
Sou crítico de cinema e garanto: esse dorama tocante e sensível é o melhor de todos os tempos 'Se a Vida Te Der Tangerinas...', dorama lançado pela Netflix em 07 de março, chegou ao fim há pouco mais de uma semana 'Se a Vida Te Der Tangerinas...' tem 16 episódios e emociona em cada um deles, com momentos distintos O dorama conta a história de amor entre Ae-sun e Gwan-sik ao longo da vida, desde os anos 50 em na ilha de Jeju Direção e fotografia trazem a ilha de Jeju como foco para o dorama, incluindo as haenyeo e os mercados ambulantes
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Se você já assistiu dezenas, talvez centenas de doramas, já deve ter aprendido a identificar os bons, os muito bons e os que tocam algo lá dentro do coração. No meio de tantas estreias e muitas séries passageiras, de vez em quando uma raridade aparece. Não para apenas entreter. Mas para marcar.

'Se a Vida Te Der Tangerinas...', dirigido por Kim Won-seok e lançado na Netflix no dia 07 de março de 2025, é um desses doramas que você assiste com o coração e prestigia com a alma. É um presente para quem gosta de séries profundas, que trazem emoção e personagens que parecem sussurrar verdades que você passou a vida tentando ouvir. 

Eu poderia falar sobre sua fotografia impecável, suas atuações dignas de prêmios e a ambientação nostálgica na Ilha de Jeju dos anos 1950. Mas nada disso daria conta do impacto que esse dorama teve sobre mim. Porque ele não é um daqueles que só se assiste. Ele se sente.

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Uma história ambígua como tangerinas: doce ou azeda na mesma intensidade

Ae-sun e Gwan-sik não são o típico casal de dorama. Eles não são idealizados. Eles não têm vidas fáceis, frases prontas, não são CEO's e muito menos gerentes, não vivem nos arranha-céus ou têm encontros mágicos em cafés de luxo. Eles vivem em uma Jeju rural, em tempos difíceis, com sonhos que quase sempre parecem grandes demais para o mundo em que vivem.

Ela, interpretada com maestria por IU, é uma jovem de alma livre, rebelde e transparente, que carrega um sonho aparentemente impossível: tornar-se poetisa mesmo em um tempo e lugar onde as mulheres sequer tinham possibilidades a não ser o trabalho e maternidade. 

E ele, na pele de Park Bo-gum, é o tipo de personagem que você não entende de imediato. Silencioso, metódico, leal. Mas aos poucos, você percebe que o amor dele por Ae-sun é daqueles que se sustentam no tempo - não pelas palavras ditas, já que muita vezes as faltam na ponta da língua, mas pelas ações silenciosas.

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A beleza dessa relação está justamente em sua imperfeição. Nos risos e nas lágrimas, nos momentos em que os dois se tocam com a alma, mesmo quando os corpos estão distantes, já que este não é um dorama com muitos beijos ou cenas quentes. Há algo tocante em assistir dois jovens tentando existir e amar em um mundo que não os acolhe.

O elenco traz atuações que tocam corações

Há uma razão pela qual 'Se a Vida Te Der Tangerinas...' vem sendo comparado ao icônico dorama 'Reply 1988'. Ambos são retratos delicados de tempos difíceis, contados com um amor genuíno pelos personagens. Mas este dorama vai além: ele oferece performances tão naturais e profundas que você se esquece de que está assistindo a meros atores.

IU entrega aqui o que talvez seja o auge de sua carreira. E olha que ela tem 'Hotel Del Luna' e 'My Mister' para se orgulhar. Sua Ae-sun, embora irritante em diversos momentos da adolescência, vai além de qualquer personagem raso de uma comédia romântica. Você sente sua angústia quando ela sorri tentando disfarçar a dor. Você vibra com sua coragem, mesmo quando o mundo insiste em ignorá-la.

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E Park Bo-gum… é um caso à parte. Gwan-sik poderia facilmente cair no estereótipo do "homem calado e durão", mas Bo-gum o transforma em um oceano de sentimentos contidos, onde não precisa dizer uma palavra para entendê-los. É através de olhares e pequenos gestos que ele revela um amor tão fiel que nos faz imaginar uma vida na mesma intensidade.

Moon So-ri e Park Hae-joon também brilham como as versões adultas de Ae-son e Gwan-sik, cheios de cicatrizes, manias e um amor incondicional pelos filhos. Nos machuca em diversos momentos perceber que aqueles a quem doaram as próprias vidas não correspondem à altura dos seus sentimentos - ou escondem quando isso acontece.

Direção, fotografia e trilha sonora são um show à parte 

Kim Won-seok, já conhecido por seus trabalhos sensíveis em 'Signal' e 'My Mister', aqui atinge um novo patamar. Ele nos leva pela mão por uma Jeju melancólica e viva, repleta de cultura popular com os mercados ambulantes, os pescadores, as haenyeo, os campos floridos e tudo o que constrói a ilha do ponto de vista da população local.

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Não há pressa em 'Se a Vida Te Der Tangerinas...', não há apelação. O diretor respeita o tempo das coisas - como uma fruta que precisa amadurecer antes de ser colhida, me atrevo a dizer. Em tempos de plots acelerados e mil reviravoltas, o dorama aposta na pausa. Na lágrima que escorre sozinha. No vento que balança o cabelo da protagonista enquanto ela olha o mar, lembrando da mãe, sem dizer nada - e ainda assim dizendo tudo.

A fotografia é um espetáculo à parte. A paleta de cores resgata o passado em tons terrosos, verdes foscos e laranjas suaves que constroem um clima nostálgico. As paisagens da Ilha de Jeju são captadas com excelência. As roupas escolares, a zona rural e as casas de madeira criam um cenário que remete à simplicidade que tanto falta na televisão moderna.

Ah, e a trilha sonora é um acerto absoluto. Composta por melodias suaves, cordas e piano que entram nos momentos exatos, ela realça as emoções sem jamais ditá-las. A música em ' Se a Vida Te Der Tangerinas...' é como Gwan-sik: discreta, mas sempre presente. Um ponto extra para IU que embala diversos momentos com seu talento impecável para o canto.

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Uma história de sobrevivência através do afeto

No fim das contas, 'Se a Vida Te Der Tangerinas...' não é sobre tangerinas. É sobre o que a gente faz quando a vida não nos dá o que sonhamos. Sobre insistir. Sobre amar apesar da dureza. Sobre encontrar no outro um porto seguro quando o mundo é apenas tempestade.

Ae-sun e Gwan-sik são sobreviventes. E não por escaparem da dor, mas por permanecerem gentis, leais e sonhadores dentro dela. Eles nos ensinam que, mesmo em tempos difíceis, ainda é possível florir. Por isso, com todas as letras, e com o coração completamente derretido por essa obra, digo: esse é o melhor dorama de todos os tempos

E se você ainda não assistiu… a vida acabou de te dar uma tangerina. Aproveite-a.

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