Shakira estava disposta a lutar por sua inocência diante da acusação de fraude fiscal movida por autoridades espanholas, mas voltou atrás durante o julgamento, realizado em Barcelona nesta segunda-feira (20). Em um embróglio judicial de anos, cantora colombiana respondia por seis acusações de não pagar ao Fisco espanhol a quantia 14,5 milhões de euros em impostos entre 2012 e 2014 e optou por aceitá-las em um acordo também milionário.
Na decisão, Shakira concordou em pagar uma multa de 50% do valor devido, aproximadamente cerca de 7,3 milhões de euros, além de um valor extra de 438 mil euros para evitar a pena de três anos de prisão. Em comunicado à imprensa internacional, a vencedora de três Grammy Latino na edição 2023 destacou a importância dos filhos na decisão.
Homenageados pela artista na música "Acróstico", lançada em maio deste ano pela artista, Sasha, de 7 anos, e Milan, de 9, foram a razão pela qual Shakira voltou atrás na decisão de seguir a batalha judicial.
"Os meus filhos me pediram para fazer isso. Tenho de escolher as minhas batalhas e a mais importante para mim agora é fazer tudo para que os meus filhos tenham uma vida plena e se concentrem no que é realmente importante: vê-los crescer e passar tempo com eles, sem os sujeitar à angústia de ver a mãe num processo-crime com o desgaste que isso implica", disse em trecho do comunicado oficial divulgado à imprensa por seus representantes.
"Senti-me preparada para enfrentar um julgamento e defender a minha inocência. Os meus advogados estavam convencidos de que tínhamos um caso vencedor. No entanto, após muitos anos de luta, tomei esta decisão. Tinha duas opções: continuar a lutar até ao fim, hipotecando a minha paz de espírito e a dos meus filhos, deixar de fazer canções, álbuns e digressões, sem poder desfrutar da minha carreira e das coisas de que gosto, ou chegar a um acordo, encerrar e deixar este capítulo da minha vida para trás e olhar em frente"
"Cheguei à conclusão de que não é um triunfo vencer se o preço é ver tantos anos da nossa vida nos serem roubados. Admiro muito os cidadãos espanhóis, como [o treinador e ex-jogador espanhol] Xabi Alonso, [o ex-piloto de MotoGP] Sito Pons e tantos outros, que lutaram até ao fim, investindo anos da sua vida nisso, mas para mim, hoje, ganhar é recuperar o meu tempo. De que me serve ganhar um processo no final se tenho de lutar durante dez ou 15 anos e perder tudo pelo caminho?
Os meus filhos me pediram para fazer. Tenho de escolher as minhas batalhas e a mais importante para mim agora é fazer tudo para que os meus filhos tenham uma vida plena e se concentrem no que é realmente importante: vê-los crescer e passar tempo com eles, sem os sujeitar à angústia de ver a mãe num processo-crime com o desgaste que isso implica. Foram eles próprios que me pediram para o fazer, e foi por eles que tomei esta decisão. Eles viveram momentos muito difíceis e quero que me vejam finalmente feliz e que olhem juntos para o futuro.
Penso que este sistema em Espanha deve ser revisto para o bem dos cidadãos. E, pela minha parte, continuarei a ser uma aliada para que isso aconteça. Há muitas pessoas que não têm recursos para pagar uma boa defesa ou mesmo para chegar a um acordo e que viram as suas vidas desperdiçadas diante dos seus olhos por causa de desacordos com as autoridades fiscais que poderiam ter sido resolvidos fora do sistema de justiça penal."