Há 18 anos, os telespectadores aguardavam ansiosos a hora do comercial só para ver os fofos "bichinhos da Parmalat" invadindo a TV. Criada pela agência de publicidade DM9, cujo diretor de criação era Nizan Guanaes, a campanha criada para incentivar o consumo de leite entre as crianças fez muito sucesso e alçou Renata Pati à fama. Na época, ela tinha 6 anos e aparecia fantasiada como um simpático gambá que tentava fazer um "gatinho" tomar o alimento e lhe perguntava "tomou?"
Aos 23 anos, Renata ainda repete o famoso bordão. "Não sou mais reconhecida, mas quando descobrem que fiz o comercial, não tem jeito! Todo mundo me pede para fazer a pergunta que fiz espontaneamente na hora da filmagem", relembra a judoca, que vive em São Paulo com a mãe.
Da menina sapeca que virava cambalhotas no set de filmagem, ela mantém os belos olhos azuis e a aptidão pelos esportes. Formada em educação física, Renata dá aulas de judô no Clube Hebraica, na capital paulista, mantém o projeto social "Campeão Judô Cidadão" (com sede no Lar das Crianças da CIP) e não quer mais saber da carreira artística. "Sou atleta. Tomar bastante leite me deu energia e força", brinca.
Mamíferos
Em 2007, os "bichinhos" se reuniram novamente para um revival do comercial. Renata se surpreendeu ao não reconhecer nenhum deles. "Eu era a maior da turma e não tinha a menor noção de idade. A maioria das crianças nem falava, tinham entre 2, 3 anos... Até por isso criei o bordão. O gatinho era apenas um bebê e não queria engolir o leite. Mas hoje o gato virou um felino", conta.
Renata foi escolhida por ser pequena. As fantasias cabiam apenas em crianças que tinham até um metro. O tipo mignon, inclusive, a favoreceu para prática de ginástica olímpica. "Eu era a única que sabia virar cambalhota. Era muito espoleta", relembra a judoca de 1,55m.
Ela ainda fez comerciais por mais dois anos, mas após a morte do pai perdeu o estímulo. Era o circense Luis Tadeu Bloem Pati quem costumava levar a filha aos testes. "Foi por ele, inclusive, que me apaixonei pela roupa de gambá. Papai ficou fazendo penteados, eu curti e me recusei a tirar a fantasia. Depois que fui saber que era um bicho fedido e esquisito", diz, garantindo nunca ter sofrido bullying por isso. "Só me estressava quando ficavam me pedindo para falar 'tomou?' a toda hora".
(Por Renata Mendonça)