A passagem da turnê de despedida de Roger Waters, de 79 anos, pelo Brasil pode culminar na prisão do músico, em ameaça que pode fazer lembrar o cancelamento de apresentação de MC Pipokinha no Paraná. O fundador do Pink Floyd traz os shows de "This is Not a Drill" ("Isso Não é um Exercício") - antes prevista para 2020 - para o país a partir de 24 de outubro, em Brasília. Até o dia 11 de novembro outras cinco capitais, como Rio e São Paulo, destino final, vão assistir às apresentações.
Mas porque Roger pode ouvir voz de prisão no Brasil? Tudo começou quando o ministro da Justiça Flávio Dino (filiado ao PSB) relatou a Luiz Fux, do STF, que a Polícia Federal poderá prender o artista caso ele utilize no Brasil um uniforme semelhante aos dos nazistas durante o show. A ameaça foi relatada por Fux, ministro do STF, segundo o colunista Lauro Jardim, de "O Globo".
Fux teve uma conversa com Dino após ser procurado por representantes da comunidade judaica. Se entendeu que Roger Waters pode estar "divulgando o nazismo" caso utilize o uniforme em seus shows no Brasil, onde o inglês já se posicionou contra Jair Bolsonaro antes do 2º turno da eleição de 2018.
É bom deixar claro que em 2012, Waters passou pelo Brasil e usou o tal uniforme em show. A peça é usada na hora da música "Run Like Hell" (algo como "Correr como o Inferno") e faz uma crítica a movimentos como o fascismo. O músico inglês já deixou claro que na roupa que usa em cena são observados martelos e não suásticas, o símbolo do nazismo.
E reforçou que se trata de um delírio do personagem Pink quando este pretende avançar sob as minorias, porém ao acordar do transe se mostra arrependido, passa a julgar a si mesmo e revela traumas de infância. "Então como você pode confundir esse trabalho teatral com uma glorificação minha do nazismo?", perguntou ele, alvo de manifestações neste mês da comunidade judaica.
Diante da repercussão da chance de prisão de Waters, Dino explicou que conhece o trabalho do músico inglês sem descartar a possibilidade de prisão. "No Brasil, é crime, sujeito inclusive à prisão em flagrante: fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo". Veja as mensagens abaixo do ministro do governo Lula.
No carnaval de 2019, a Estrela do Terceiro Milênio trocou a suástica em um dos carros por um "X" no desfile das campeãs. Antes, em ensaio técnico da Águia de Ouro um componente da escola representou Adolf Hitler. Já em 1999, a Vai-Vai desfilou com suástica em uma das fantasias, porém o símbolo ganhou uma tarja sobre ela em enredo campeão sobre Nostradamus.