As férias de Rachel Sheherazade em João Pessoa, na Paraíba, não foram tão somente para descansar. A jornalista, que se envolveu em polêmicas desde que estreou na bancada do "SBT Brasil", usou as duas semanas fora da TV para conceder entrevistas principalmente para explicar que não será demitida da emissora.
Apesar de ter perdido o espaço para comentar suas opiniões polêmicas (sobre segurança pública e aborto), a jornalista conquistou a confiança do SBT e também sua proteção. Em entrevista à revista "Veja SP", desta quinta-feira (17), Rachel revela que toda a repercussão de suas opiniões - que renderem fãs e opositores - abriu uma porta na emissora. Ela fará o seu próprio programa no canal.
"Às vezes, é preciso dar um passo para trás antes de dar um salto para a frente", declarou a âncora, que afirmou não estar alheia às repercussões de seus comentários: "Sofro com as pressões, mas sou boa de briga e dura na queda. Além disso, a decisão de suprimir os comentários não é definitiva. Meu estilo de jornalismo é de posicionamentos firmes. Jamais poderia ficar em cima do muro. Essa sou eu e é por isso que fui contratada", garante.
O programa, que seria uma ideia do próprio Silvio Santos, será semanal e dará liberdade à âncora para opinar. O fato de o SBT ter voltado atrás em seu papel de comentarista foi a estratégia encontrada para garantir segurança à emissora e à vida pessoal de Rachel. De acordo com a publicação, ela sofreu ameaças por telefone e por meio das redes sociais, e até os colegas do telejornal também passaram a ser alvos de ataques.
Segurança de peso
Para preservar sua segurança, o SBT recomendou que a jornalista trocasse de telefone e também ofereceu um serviço de segurança pessoal. Ela e o marido, o corretor de imóveis Rodrigo Porto, tiveram seus carros blindados.
Uma manifestação popular contra Sheherazade chegou a ser ameaçada para acontecer na porta do SBT em fevereiro deste ano. A emissora se preveniu contratando uma empresa de segurança, mas nada aconteceu.
Discurso polêmico
O SBT resolveu aplicar a lei do silêncio à Rachel após deputados do PSOL e do PCdoB apresentarem uma denúncia ao Ministério Público contra a jornalista e à emissora sob acusação de apologia ao crime. A representação na Justiça veio após a jornalista se posicionar sobre o caso de um menor infrator amarrado a um poste no Rio de Janeiro. "É compreensível", disse à época.
O discurso de Rachel durante a cerimônia para receber uma condecoração de honra ao mérito na Câmara dos Vereadores de João Pessoa também foi um dos motivos para tirá-la do posto de comentarista: "A emissora em que trabalho tem garantido esse direito (de falar) a duras penas, sendo chantageada por partidos políticos, podendo perder uma concessão pública", declarou.