Fábio Júnior , um dos maiores nomes da música nacional, estará na quarta-feira (22) no 'Som Brasil', programa apresentado por Pedro Bial - que abriu mão de um vício de 7 anos -, para falar sobre os seus 50 anos de carreira e momentos da vida íntima. O artista, que chegou a ficar alguns anos afastado da filha Cleo Pires, comentou sobre a canção 'Pai', homenagem à Antônio Luis Galvão, com quem teve uma relação bastante conturbada.
Lançada em 1978, 'Pai' fez muito sucesso nas rádios do Brasil, chegando a ser escolhida no ano seguinte como tema de abertura de 'Pai Herói', novela de Janete Clair. A composição é praticamente um desabafo do artista sobre sua relação com Antônio Luis de Oliveira Ayrosa Galvão. Segundo o jornal 'O Globo', Fábio revelou no programa da TV Globo ter conseguido mostrar a música para o genitor, antes que ele falecesse.
"Deu tempo de mostrar para ele [o pai] antes de ele partir. Ele morreu em abril, e a Cleo nasceu em outubro, exatamente seis meses depois. Meu pai foi e a Cleo veio, acho até que tem um dedo dele nessa coisa da Cleo cantar comigo [...]. Ele estava louco com a gravidez da Gloria [Pires, sua ex-mulher]", disse a voz de '20 e Poucos Anos'.
Essa foi uma das pouquíssimas vezes em que o músico abriu o coração sobre o relacionamento com o pai. Discreto, o pai de Fiuk costuma evitar falar do assunto. Talvez por ser um 'gatilho' para ele (basta analisarmos as palavras embargadas no hit dramático que marcou gerações). Em 2015, no Altas Horas, Fábio Júnior se emocionou ao relembrar momentos difíceis que passou em família.
"Infelizmente, não são lembranças muito boas. Meus pais brigavam muito. Quanto mais punk ele ficava, mais rígida e radical ela se tronava e eu ficava no meio daquela confusão toda. São pouquíssimas coisas, assim, de uma cena de carinho, de amor, entre os dois. Acho que sou o único homem que casou para fugir de casa", expressou ele, que teve 7 matrimônios - sendo o primeiro aos 23 anos.
"Para mim, foi difícil. Eu podia contar uma historinha bacana para todo mundo, mas estou falando a verdade, porque acho que existe esse tipo de situação entre as pessoas da plateia", complementou, sem entrar em mais detalhes, visivelmente emocionado.
7 anos depois, ele conversou com o 'Domingo Espetacular' e, novamente questionado sobre sua figura paterna, 'jogou' a responsabilidade das palavras para sua própria canção. "Era uma figuraça, herói, bandido. É o que diz a letra. É exatamente isso. Você lê a letra, você vai conhecer o meu pai, não tenha dúvidas disso'', disparou. "Ele me mostrou coisas da vida que eu vi que poderia melhorar, que eu poderia ser homem. Meio punk assim, às vezes. mas é um cara que tem palavra, que tem dignidade, caráter", acrescentou Júnior.
Antônio Luis de Oliveira era taxista e foi assassinado por dois homens enquanto dirigia seu veículo na Vila Califórnia, próximo a Interlagos, na zona sul de São Paulo. Para homenagear o pai, Fábio, que havia sido convidado por Silvio Santos para protagonizar uma novela argentina sobre um taxista, pediu ao apresentador para trocar o nome do personagem e da obra.
O protagonista 'Rolando' virou 'Antônio', já que o pai de Patrícia Abravanel concordou com a sugestão do artista. A produção foi ao ar em 1972 e 1973 e em entrevista à Folha de São Paulo, na mesma ocasião, o cantor admitiu: "Vou precisar de algum tempo para baixar essa emoção. Estou fazendo a história do meu pai".
Ainda ao veículo, ele expressou o desejo de escrever um livro ou fazer um filme sobre o genitor. Ele também contou que Antônio o presenteou com o primeiro violão de sua vida. "Foi ele quem me deu meu primeiro violão. Na época, era instrumento de vagabundo. Ele escrevia poesias para a minha mãe, fazia letras de música, tocava o violão. Minha mãe era professora de piano. É como se eu estivesse realizando o sonho que ele não pôde realizar", disse.