Em seu sexto trabalho seguido na Record TV, Felipe Cunha pela primeira vez interpreta o protagonista de uma novela. No ar em "Topíssima", o ator vive o taxista Antonio, que estabelece uma relação de rato e gata com Sofia (Camila Rodrigues) e cuida de forma zelosa da irmã mais nova, Gabriela (Rafaela Sampaio), vítima de overdose de drogas logo no começo da trama. Para ajudar na composição do mocinho, Felipe se mudou para o morro do Vidigal, Zona Sul do Rio, local onde mora seu personagem. Ao Purepeople, o ator vê como fundamental sua mudança temporária para a comunidade. "Eu tenho um método de construção de personagem que não é, digamos, mais ousado. Ela é de fora para dentro. Preciso entender onde essa pessoa mora, como ela se veste, como anda. Preciso olhar de fora para entender ela internamente", explica.
Segundo Felipe, sua visão mudou ao conhecer melhor o ambiente no qual seu protagonista mora, auxiliando a mãe, Mariinha (Silvia Pfeifer), em um restaurante. "A gente tem um pensamento da comunidade ser desorganizada, de ter o aspecto da criminalidade, por tudo que se associa ao morro. É um lugar extremamente organizado e as pessoas realmente vivem em comunidade. Elas se ajudam, mas óbvio que existe uma exceção em tudo. De um modo geral é fantástica a organização e a relação afetuosa que eles têm. O Antonio é leite da musicalidade dessa urgência com o afeto", aponta. Revelado na TV na novela "Vitória" (2014), o ator praticamente emendou "Jesus", na qual foi o Jairo, com o atual folhetim e teve que se livrar de aproximadamente 20 quilos: "Cheguei a perder 18 quilos". Seguindo assim, um caminho oposto a Rayanne Morais, que precisou ganhar massa muscular para viver a policial Graça. "Tive muito pouco tempo de preparação. O Jairo era mais denso, pesado. O Antonio tem essa música do morro é mais leve, ágil. Foi um período muito pequeno e você ainda tem que concentrar na essência interna. Preparar corpo e emoções não foi fácil, mas é um processo apaixonante, delicioso", diz, entusiasmado.
Já visto ainda em outras tramas como "A Terra Prometida" e "Apocalipse", Felipe indica um ponto em comum entre ele e Antonio. "Ele é um cara extremamente leal em todas as relações que ele estabelece. Seja amizade, o relacionamento que tem a Sofia, a relação com a comunidade. Ele é um cara respeitoso e atento. Ele tem esse olhar cuidadoso com as necessidades do próximo. Não é à toa que ele se tornou um líder comunitário superrespeitado na comunidade. A relação que ele tem com a família é muito próxima da que eu tenho com a minha, que é uma relação extremamente afetiva e amorosa", enumera. "É o personagem mais próximo de mim", completa, citando que a questão de proteção com a irmã também une ator e personagem. "Tenho duas irmãs, de 14 e 33 anos. Sempre tive essa questão de proteção não só com elas como com todos que estão a minha volta. Acho que é coisa do leonino. A relação do Antonio com a Gabriela é muito parecida da que eu tenho com a Isabeli, minha irmã mais velha", acrescenta.
Por conta do falecimento do pai, o taxista precisou assumir o papel de homem da família e, por isso, estabeleceu uma ligação de maior cuidado com Gabriela, amiga da rebelde Jandira (Brenda Sabryna), a ser vítima de um aborto ao longo da novela. "Ele se torna rígido, talvez, por esse excesso de cuidado em função dos acontecimentos. Ele sabe que os bandidos para atingirem ele vão tentar chegar na Gabriela, que é o tendão de Aquiles do Antonio. Talvez, por isso, ele seja um pouco duro. Ele está ali fazendo a vez do pai", opina. "A Gabriela vai para a universidade conviver com pessoas de um poder aquisitivo alto. Realmente, ele tem medo da irmã se perder em valores e que alguma coisa ruim possa acontecer com ela. Por isso ele é presente", justifica o mocinho da novela da emissora paulista.
Para Felipe, todo mundo já teve uma relação igual a Antonio e Sofia: "Mas não na temperatura deles com todos esses acontecimentos em volta". "Porém, todo mundo já teve esse amor que exista atrito. A gente nunca vai encontrar a pessoa ideal e se encontrarmos, que é aquela que a gente queria, fosse exatamente como pensamos, ela não será mais a pessoa ideal porque precisamos do oposto", aponta. "Eu não me relacionaria com o Felipe. Eu quero o oposto, uma pessoa diferente. Essa pessoa diferente traz as complexidades dela. É comum ter os desencontros. O grande desafio é respeitar as diferenças e tentar viver em harmonia", conclui.
(Por Guilherme Guidorizzi)