Patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, o bicheiro Rogério Andrade foi preso nesta terça-feira (29), acusado de ser o mandante do assassinato de um contraventor com quem mantinha uma rivalidade há duas décadas. No entanto, ele não é a única personalidade da escola de samba que está atrás das grades. 20 dias antes, o presidente da agremiação, Flávio da Silva Santos, também foi para a cadeia.
Conhecido pelos apelidos de "Flávio Mocidade" e "Al Pacino carioca", ele preside a Mocidade desde 2019. Responsável por cuidar dos pontos de caça-níquel em bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, segundo as investigações, o bicheiro é considerado braço-direito de Rogério. Por isso, foi indicado para assumir o comando da agremiação.
Flávio foi preso no último dia 09 na Operação Fissão, que trata do assassinato de Fábio Romualdo Mendes, em 2021. Segundo informações do G1, as investigações apontam que a vítima era ligada ao jogo do bicho e desavenças na contravenção causaram sua morte. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) afirmam que os mandantes da execução pertencem a um grupo liderado pelo presidente da escola.
Fábio levou 15 tiros quando passava de carro por Vargem Pequena, na capital carioca. Testemunhas revelam que os disparos foram dados pelo passageiro que estava na garupa de uma moto, acompanhado de mais um homem.
Flávio era alvo apenas de um mandado de busca e apreensão, mesmo com quatro mandados de prisão expedidos na operação. No entanto, ele foi preso em flagrante depois que uma arma foi encontrada na grama ao lado do prédio dele. Agentes indicam que ele jogou a pistola pela janela do apartamento.
Muito citado na série "Vale o Escrito", da Globoplay, Rogério foi preso após uma nova denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O bicheiro é apontado como o mandante do assassinato de Fernando Iggnácio, em 2020. A rivalidade da dupla começa em 1998. Após o assassinato de Paulo Andrade, sucessor de Castor de Andrade, os dois passaram a disputar poder nos pontos de jogo do bicho e nas máquinas caça-níquel.
Durante 22 anos, Rogério e Iggnácio tiveram uma disputa sangrenta que fez dezenas de vítimas. Segundo investigação da Polícia Federal, só de 1999 a 2007, 50 pessoas morreram em decorrência da briga.
No dia 10 de novembro de 2020, Fernando retornava de Angra dos Reis de helicóptero. Ele desembarcou e, enquanto caminhava em direção a seu carro no estacionamento do heliponto, foi surpreendido por um homem encapuzado munido de um fuzil. O contraventor levou vários tiros na cabeça e morreu no local. O crime aconteceu no bairro Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Rogério foi preso em casa, na Barra da Tijuca, por volta das 6h30 desta terça-feira (29). Ele deve ser transferido em breve para um presídio federal de segurança máxima.