Em clima leve de comédia romântica, a novela "Alto Astral" apresentou seu primeiro capítulo nesta segunda-feira (3), no horário das sete da TV Globo. A temática espiritualista - usada em outros folhetins da emissora - permeia a história de amor de Caíque (Sergio Guizé) e Laura (Nathalia Dill), que terão de enfrentar o vilão e terceiro vértice do triângulo amoroso, Marcos (Thiago Lacerda). Suave e delicada, a trama escrita por Daniel Ortiz com supervisão de Silvio de Abreu promete emocionar e divertir, a receita básica de sucesso no gênero.
Embora as primeiras cenas de "Alto Astral" tenham sido de ação - um acidente de avião e um homem que escorrega e se machuca fazendo rapel -, a obra encanta pela singeleza e suavidade, presentes tanto na forma de apresentar os personagens, quanto na direção de fotografia, de arte, nos figurinos e principalmente na trilha sonora.
Um dos maiores acertos nesse sentido é "Verdade, uma ilusão", canção de Marisa Monte que é tema de Laura e embala deliciosamente as cenas da mocinha, emolduradas por um cenário iluminado, colorido e, consequentemente, agradável aos olhos. Lulu Santos e Elis Regina, além de "Alma" interpretada por Zélia Duncan na abertura, também são pontos positivos da trilha.
O médium, o médico e o monstro formam o trio de destaque
Castilho (Marcelo Médici) é um médico desencarnado que aparece para salvar Caíque da morte logo nas primeiras cenas e passa a acompanhá-lo desde então. O protagonista se torna um clínico geral que tem pavor de sangue e vê pessoas mortas. Ele é criticado pelo monstruoso Marcos, que na adolescência se alegra com a possível morte do irmão e já adulto se recusa a atender pacientes pobres, demonstrando logo de cara a extensão de sua crueldade.
A oposição entre o bem e o mal presente entre os dois irmãos é equilibrada com o elemento sobrenatural na forma do espírito que só é visto por Caíque, o que é motivo de o vilão chamá-lo de louco. Sergio Guizé empresta seu carisma para o personagem, tornando-o tão cativante que é difícil não torcer para que ele encontre a felicidade ao lado da mulher que desenha desde a infância.
Claudia Raia brilha na pele da trambiqueira Samantha
Em oposição às sutilezas da dramaturgia e da direção de Jorge Fernando, Samantha é uma personagem que faz o contraponto. Melodramática, ela traz o humor com mais peso e as cenas em que arma para acertar mais uma previsão funcionaram muito bem. Tendo como trilha um ótimo trecho instrumental do funk/pop "Na Batida", de Anitta, a paranormal charlatã fez um rebuliço e mostrou a que veio em pouquíssimo tempo.
A pequena Bella é um relicário do elenco. É impressionante ver como a menina Nathalia Costa está à vontade em cena e, como não tem falas, usa bem o gestual, as expressões e reações. O jogo dela com Caíque é divertido e encantador. É uma daquelas crianças que conseguem criar uma empatia instantânea com o telespectador.
Ao que tudo indica, esta será uma novela de grande apelo para quem gosta de uma boa história de amor que atravessa muita vidas, com levada cômica e uma pitada do mundo sobrenatural, representado pelo núcleo dos espíritos.
(Por Samyta Nunes)