Além das produções poderosas no red carpet, a polêmica entre Will Smith e o comediante Chris Rock marcou a noite do Oscar 2022. Mulher do vencedor da estatueta de Melhor Ator, Jada Smith tem o visual sem cabelo por conta da alopecia, uma doença autoimune que afeta diretamente o cabelo.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2% da população mundial é acometida pela doença e 5% das mulheres. Ela não é contagiosa e não apresenta riscos diretos à saúde, mas pode estar associada a outras que sejam mais perigosas.
Para tirar todas as dúvidas sobre essa questão, o médico e tricologista Dr. Ademir Jr. e a dermatologista Paula Amorim, responsável pelo núcleo de tricologia da Clínica Juliana Piquet, contam ao Purepeople vários pontos importantes, respondendo as perguntas mais comuns sobre o assunto.
Segundo o médico, a alopecia corresponde à redução da densidade capilar em um indivíduo. "Ou seja, à perda de cabelo ou pelos em uma parte específica do corpo ou da cabeça, sendo esta última a região mais afetada na maioria dos casos", destaca.
"Em geral, quando o paciente busca auxílio de um profissional especializado, a alopecia só consegue se tornar perceptível à observação clínica quando é responsável por comprometer ao menos 25% a 30% da quantidade normal de cabelos que o sujeito possui", acrescenta Dr. Ademir.
Dessa maneira, no cenário mais recorrente, as pacientes buscam ajuda quando já perderam ou tiveram cerca de 1/4 dessa densidade total comprometida alguma forma pela ação dessa doença.
Dra. Paula Amorim explica que alguns casos podem ser agudos. "A alopecia Areata pode formar áreas de rarefação aparente em poucos dias, formando placas sem pelo com a pele aparente. Nesses casos, muitos fios podem cair rapidamente, o que alerta para buscar ajuda médica mais rápido", indica.
Mas existem outros tipos de alopecia, mais crônicos, cuja perda dos fios não é tão nítida. "Nesses casos, a perda de volume, coceira ou sensibilidade no couro cabeludo, podem ser sinais de alerta para procurar o dermatologista especialista", explica a médica.
Dr. Ademir ainda explica que as alopecias se dividem em dois grupos principais: as cicatriciais e as não-cicatriciais.
"Alopecias cicatriciais são aquelas em que a área acometida não apresenta folículos ou foram destruídos por processos inflamatórios ou agressões importantes, como tração excessiva, queimaduras e cortes", pontua o tricologista.
Já o outro grupo se caracteriza por inflamações que são, normalmente, mais brandas. "Dessa forma, isso não provoca danos permanentes a quem está lidando com este tipo de problema. Elas podem ser tratadas e, por esse motivo, permitem que o acometido mantenha seus cabelos em quantidade e qualidade normais ou muito próximo a isso", conta.
Segundo o especialista, os dois tipos da doença autoimune são tratados de forma diferente. O primeiro, cicatricial, é mais preocupante e requer urgência no diagnóstico correto e no tratamento, uma vez que sua perda capilar pode ser irreversível.
"Isso se deve ao fato de que as células-tronco presentes no folículo, responsáveis por reiniciar o ciclo de crescimento capilar, foram destruídas, resultando em uma redução permanente da densidade de folículos pilosos na região acometida", conta.
Casos como estes são muito comuns, e este tipo de alopecia pode ter relação com lúpus eritematoso cutâneo; líquen plano pilar e foliculite decalvante.
Já as alopecias não-cicatriciais se caracterizam pelo diagnóstico de alopecia areata; alopecia androgenética e eflúvios - inflamação que pode ter relação com Covid-19 (entenda mais detalhes aqui!). Seu tratamento depende do gravidade da queda capilar e, por isso, cada caso deve ser individualmente analisado.
Segundo a médica, esse aspecto também é individual. "A duração do tratamento é variável e depende da extensão do quadro, tempo de desenvolvimento, idade, forma de tratamento e da resposta imune de cada paciente", detalha.
"Em alguns casos é necessário o tratamento com a injeção de medicações no local da alopecia, o que pode ser desconfortável. Mas a dor depende da técnica a ser usada e da sensibilidade individual de cada um", acrescenta Dra. Paula.