O drama de Buba (Gabriela Medeiros ) na novela "Renascer" tem recebido um cuidado a mais por parte da equipe de autores do remake da Globo assinado por Bruno Luperi. Por isso, algumas cenas da personagem têm sofrido alterações para evitar gatilho em transexuais e uma possível repercussão negativa na web. Ao mesmo tempo, Buba acabou quebrando uma "hegemonia machista" por parte de Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, autor do original de 1993.
Luperi tem a sua disposição além dos colaboradores, pesquisadores e a diretoria de Diversidade e Inovação da rede carioca. Segundo a colunista Carla Bittencourt, do "Notícias da TV", todas as cenas que envolvem Buba, que segundo psicóloga apresenta sinais de desequilíbrio, receberam um chamado "pente fino" para que nada "problemático" vá ao ar.
Com isso, respeito e sensibilidade ao máximo viraram palavras de ordem.
Se há mais de 30 anos, Buba era hermafrodita e misteriosa, na segunda versão de "Renascer", é tudo diferente. A ideia é deixar esse ar misterioso para trás e fazer a personagem rival de Eliana (Sophie Charlotte) ser mais familiar. Além, claro, da troca do termo "hermafrodita", que não é mais usado, por transexual.
Ao mesmo tempo, "Renascer" não deixa evidente se Buba, que se envolve com outro homem após a morte de José Venâncio (Rodrigo Simas), fez ou não uma cirurgia íntima, de "readequação genital". Como Globo, autores e equipe da trama das nove ainda vão fazer uma grande discussão se irão abordar o tema ou não, o mais provável é que a personagem não tenha operado.
Vale lembrar que uma parcela das mulheres trans avalia a cirurgia como "grande agressão". Não custa lembrar que esse remake apresenta outras diferenças em relação ao original, principalmente no que diz respeito a uma presença maior de atores negros nos papéis principais.
Duda Santos, por exemplo, assumiu a Maria Santa de Patricia França. E a artista se saiu tão bem que deve estrelar uma das próximas novelas da Globo.